O assassinato de um jovem de 16 anos, na madrugada de sábado, levou novamente medo e tensão aos moradores da Vila Torres, em Curitiba. De acordo com a polícia, a morte ocorreu durante uma disputa entre duas quadrilhas pelo controle de pontos de tráfico na região. A Polícia Militar (PM) aumentou seu efetivo na região, mas o reforço não foi suficiente para dar tranquilidade aos moradores. Pelo menos 40% dos alunos da Escola Estadual Manoel Ribas não foram à aula ontem (leia abaixo).
Diego Leal da Cruz Monteiro, conhecido como Dieguinho, foi baleado por volta das 2h30 de sábado, instantes depois de sair de casa, na Rua Sérgio Dudek. Ele foi encaminhado ao Hospital Cajuru, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. De acordo com a PM, Dieguinho era suspeito de integrar uma das facções ligadas ao tráfico na Vila Torres e de gerenciar um dos pontos de venda de entorpecentes, apesar da pouca idade. A família dele nega.
Segundo o sargento Deyvid Junior Izidorio, do 12.º Batalhão da PM, há pelo menos cinco anos dois grupos rivais disputam a liderança do tráfico de drogas na Vila Torres. A fronteira entre as duas quadrilhas seria a Rua Guabirotuba, que corta o bairro no sentido Leste-Oeste. De acordo com pessoas que conhecem a região, até mesmo os moradores da Vila Torres são impedidos de transitar livremente. "É uma disputa quase que permanente. Se uma quadrilha mata um membro da outra, o grupo se arma para dar o troco", diz Izidorio, que desde 2007 atua no policiamento da área. "Sempre que tem uma morte, já começam os boatos de confronto."
Comemoração
Ontem, três viaturas da PM circularam durante todo o dia na Vila Torres, principalmente durante o velório de Dieguinho. "Foi uma ação preventiva, para evitar que a outra facção tentasse um novo ataque", disse o sargento. O corpo de Diego foi velado na casa em que ele morava com a família. O clima de medo aumentou por volta das 11h30, quando uma saraivada de fogos de artifício, que durou cerca de dez minutos, foi disparada. Segundo a PM, integrantes da facção rival soltaram os rojões para comemorar a morte. Nova salva de fogos foi ouvida por volta das 14h30. De acordo com moradores, depois disso um homem passou atirando para o ar. Seriam tiros de uma arma curta revólver ou pistola.
Com isso, o sepultamento que estava marcado para 17 horas foi adiantado e o cortejo partiu da casa da família por volta das 15h15. O corpo de Dieguinho foi enterrado no Cemitério de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.