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Viatura vigia saída dos estudantes na Escola Estadual Manoel Ribas: pais buscaram filhos e se trancaram em casa | Felippe Anibal/Gazeta do Povo
Viatura vigia saída dos estudantes na Escola Estadual Manoel Ribas: pais buscaram filhos e se trancaram em casa| Foto: Felippe Anibal/Gazeta do Povo

Ocorrências

A briga entre gangues na Vila Torres já resultou em mortes e levou medo a moradores da região em outras oportunidades.

Nov 2009 – no dia 29, três adolescentes, com idades entre 11 e 15 anos, foram atingidos por disparos. Eles estavam em uma viela quando três homens teriam chegado ao local atirando.

Jan 2010 – A disputa pelo tráfico motivou um triplo homicídio na Vila Torres. Na manhã de 15 de fevereiro, dois adolescentes – de 15 e 17 anos – e um rapaz de 18 anos foram assassinados por quatro homens. O grupo entrou atirando na casa em que as vítimas estavam. Segundo a polícia, o crime foi uma represália à morte de um menino de 11 anos.

Nov 2010 – Mais de 900 alunos ficaram sem aula na Vila Torres, dois dias após um tiroteio em que quatro pessoas ficaram fe­ridas. Após os boatos de que haveria uma nova troca de tiros entre gan­gues rivais, a direção do Centro Mu­nicipal Infantil Vila Torres (CMEI) li­gou para pais de alunos, solicitando que eles fossem buscar as crianças.

Houve evasão nas Escolas Estaduais Hidelbrando de Araújo e Manoel Ribas.

Boatos fazem 150 alunos faltarem

Os boatos sobre um eventual acerto de contas entre grupos suspeitos de tráfico de drogas na Vila Torres, em Curitiba, fizeram com que aproximadamente 150 dos cerca de 350 alunos matriculados na unidade faltassem ontem. Um funcionário do colégio, que pediu para não ser identificado, disse que recebeu ligações de mais de 30 pais de alunos perguntando sobre os boatos.

"Nós tentamos tranquilizar os pais, com o argumento de que na escola os alunos estão mais seguros do que do lado de fora. A gente tenta minimizar essa tensão", disse. Na saída, às 17 horas, era grande o movimento de familiares que foram à escola buscar os alunos. "Eles deviam soltar as crianças mais cedo hoje, por causa dessas ameaças", disse a mãe de uma estudante, que não quis se identificar. "Agora, é ir pra casa direto e ficar trancado", afirmou a tia de outra aluna.

Segundo o pai de uma estudante, as pessoas estão evitando sair de casa na Vila Torres. "Sempre é isso. Fica um grupo de um lado, outro grupo do outro, e os moradores, que são [pessoas] de bem, ficam no meio disso tudo."

A Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) também adotou medidas de segurança em função das informações sobre um possível confronto. Segundo a assessoria de imprensa da PUCPR, o portão 3 do campus, que fica na Rua Guabirotuba, ficou fechado das 15 às 17 horas. A universidade também reforçou a segurança.

O assassinato de um jovem de 16 anos, na madrugada de sábado, levou novamente medo e tensão aos moradores da Vila Torres, em Curitiba. De acordo com a polícia, a morte ocorreu durante uma disputa entre duas quadrilhas pelo controle de pontos de tráfico na região. A Polícia Militar (PM) aumentou seu efetivo na região, mas o reforço não foi suficiente para dar tranquilidade aos moradores. Pelo menos 40% dos alunos da Escola Estadual Manoel Ribas não foram à aula ontem (leia abaixo).

Diego Leal da Cruz Monteiro, conhecido como Dieguinho, foi baleado por volta das 2h30 de sábado, instantes depois de sair de casa, na Rua Sérgio Dudek. Ele foi encaminhado ao Hospital Cajuru, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. De acordo com a PM, Dieguinho era suspeito de integrar uma das facções ligadas ao tráfico na Vila Torres e de gerenciar um dos pontos de venda de entorpecentes, apesar da pouca idade. A família dele nega.

Segundo o sargento Deyvid Junior Izidorio, do 12.º Batalhão da PM, há pelo menos cinco anos dois grupos rivais disputam a liderança do tráfico de drogas na Vila Torres. A fronteira entre as duas quadrilhas seria a Rua Guabirotuba, que corta o bairro no sentido Leste-Oeste. De acordo com pessoas que conhecem a região, até mesmo os moradores da Vila Torres são impedidos de transitar livremente. "É uma disputa quase que permanente. Se uma quadrilha mata um membro da outra, o grupo se arma para dar o troco", diz Izidorio, que desde 2007 atua no policiamento da área. "Sempre que tem uma morte, já começam os boatos de confronto."

Comemoração

Ontem, três viaturas da PM circularam durante todo o dia na Vila Torres, principalmente durante o velório de Dieguinho. "Foi uma ação preventiva, para evitar que a outra facção tentasse um novo ataque", disse o sargento. O corpo de Diego foi velado na casa em que ele morava com a família. O clima de medo aumentou por volta das 11h30, quando uma saraivada de fogos de artifício, que durou cerca de dez minutos, foi disparada. Segundo a PM, integrantes da facção rival soltaram os rojões para comemorar a morte. Nova salva de fogos foi ouvida por volta das 14h30. De acordo com moradores, depois disso um homem passou atirando para o ar. Seriam tiros de uma arma curta – revólver ou pistola.

Com isso, o sepultamento – que estava marcado para 17 horas – foi adiantado e o cortejo partiu da casa da família por volta das 15h15. O corpo de Die­guinho foi enterrado no Ce­­mitério de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.

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