Durante cerco, PM detém três pessoas
No cerco a Vila Torres, que durou aproximadamente 27 horas, entre sábado (8) e domingo (9), a Polícia Militar apreendeu 89 pedras de crack e deteve três pessoas, duas por porte de arma e uma por tráfico de drogas, que estava com 250 gramas de maconha. O objetivo da PM é manter o policiamento reforçado na região.
O comandante da 5° Companhia do 12° Batalhão da PM, tenente Fernando Cantador, diz que a operação foi necessária devido ao clima tenso em que se encontrava a região, com a troca de tiros que acabou vitimando crianças. "Fechamos a vila em três pontos e usamos 85 homens da companhia, além de reforços do 12° Batalhão e do 20° Batalhão", explica.
Para esta segunda-feira, segundo o tenente, está programada uma nova operação de reforço na segurança da Vila Torres. O objetivo da polícia é manter o reforço para aumentar a segurança na região. O tente falou que a briga de gangues é algo cultural na comunidade.
"É a briga de tráfico e disputa pelo poder. Muitos adolescentes acabam participando, conquistados pelo tráfico", afirma. Na opinião do tenente, seria necessário um trabalho social mais forte, de educação na Vila Torres, para tentar diminuir a força do tráfico na região.
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Depois de um fim de semana violento e que contou com uma operação policial para conter a onda de crimes, a população da Vila Torres, em Curitiba, começou esta segunda-feira (10) com sentimento de mais tranquilidade, mas a criminalidade ainda assusta. A presença policial se tornou mais constante após a morte de um garoto de 15 anos e que uma criança de 7 anos foi baleada no rosto. Aos poucos, os moradores começam a voltar à rotina.
A Rua Manoel Martins de Abreu, principal da vila, tem funcionamento normal do comércio nesta segunda-feira. O comerciante José Sanches, que vive há 50 anos na comunidade, diz que a ausência do poder público na região é um dos principais fatores que colaboram para que haja violência na Vila Torres. "Agora as coisas começam a voltar ao normal. Com a polícia aqui ficou mais tranquilo", diz. O comerciante afirma, entretanto, que esta presença da polícia precisa ser constante para que novos episódios como o de sábado não se repitam.
Mesmo com a tranquilidade que parece ter voltado a comunidade, os moradores ainda comentam assustados sobre os últimos homicídios que vitimaram crianças na região. Um morador, que vive na Vila Torres há 30 anos - e prefere não se identificar - diz que quase foi vítima dos tiros disparados no Dia de Finados. Uma das balas acertou o menino Cahuê da Silva da Cruz, de sete anos, que andava de bicicleta ao lado da mãe. "Eu tive que me jogar no chão e estou cheio de machucados. Ele (Cahuê) era criança, não percebeu nada", diz.
Gangues
Os moradores ainda relatam que a briga de gangues na região tem dificultado até mesmo a locomoção de quem vive no local. Dividida pela Rua Guabirotuba, a vila é dominada por dois grupos: a "Gangue de Cima" (na região até o Viaduto do Colorado) e a "Gangue de Baixo" (que domina a parte da vila até a Rua Aquelino Orestes Baglioli). "Às vezes as pessoas chegam por aqui dizendo que apanharam, levaram tiros do lado de baixo", diz um morador da "Parte de Cima" da Vila Torres.
As marcas das disputas estão em várias paredes e muros da região, marcadas com pichações com escritos de "Parte de Cima" e "Parte de Baixo". Na "Parte de Baixo" há uma creche e um posto de saúde e os moradores da "Parte de Cima" precisam ir para o Centro da cidade ou outros bairros para terem acesso a esses serviços e evitar algum tipo de violência.
"A única coisa que a gente pede é segurança", diz uma moradora, que também trabalha em comércio na região, e também preferiu não se identificar. Ela se diz mais tranquila com o aumento da presença policial mas, com medo do histórico de violência entre as gangues, não quis comentar sobre essa disputa de poder entre as facções na região.
Traficante diz que morte do fim de semana foi por retaliação
Durante a manhã desta segunda-feira, a reportagem da Gazeta do Povo conversou na Vila Torres com um homem que disse trabalhar para o tráfico na "Parte de Baixo" da comunidade há três anos. Ele comentou sobre a onda de mortes que tem vitimado crianças e adolescentes. "Matamos um lá porque mataram um aqui", disse, sobre a disputa entre os grupos dominantes que vitimou os mais jovens no fim de semana.
Ele afirma que muitos inocentes tem sido, de fato, vítimas de balas perdidas por causa da disputa na região. "Muita gente que não tem nada a ver com o tráfico acaba morrendo, mas tem mulher de traficante lá de cima que vem aqui do lado de baixo com criança para sondar a região e acaba levando tiro", afirma.
O homem já foi vítima de disparos que, segundo ele, foram feitos por policiais militares. Um tiro acertou seu rosto. Ele diz já ter presenciado a morte de um adolescente na Rua Manoel Martins de Abreu. Segundo ele, um homem se aproximou da vítima e disparou vários tiros contra o jovem, que morreu no local. "Eu estava na frente dele e, quando o cara começou a atirar, eu saí correndo", diz. As marcas dos tiros contra o adolescente, que morreu em outubro, ainda estão nas paredes de um estabelecimento comercial.
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