"Kátia morreu lutando por Justiça, defendendo os clientes dela". A frase dita por uma das melhores amigas da advogada Kátia Regina Leite Ferraz, morta na manhã da última quarta-feira (24) em Curitiba, resume o sentimento de familiares e amigos. As pessoas mais próximas da advogada acreditam que ela foi vítima de um crime fatal em razão da profissão que exercia.
Durante a maior parte da carreira, Kátia atuou na área de direito da família e passou a atender mulheres vítimas de agressão dos maridos. "Ela cuidava de alguns casos relacionados com a Lei Maria da Penha e, naturalmente, alguns maridos acusados de agredir as esposas ficavam insatisfeitos com o trabalho dela", diz Isabel Cecília Mendes, amiga da vítima há mais de 25 anos. Ela afirma que a advogada vinha recebendo ameaças de duas pessoas diferentes. "Ela sempre foi muito corajosa. Acho que não acreditou que poderia sofrer alguma coisa", conta.
A polícia não confirma esta relação do crime com a profissão da mulher. O delegado chefe da Delegacia de Homicídios, Hamilton da Paz, diz que o crime está em investigação. Segundo ele, diversas testemunhas foram ouvidas e fatos ligados à vida profissional e pessoal dela estão sendo analisados. Paz afirma que o ex-marido de uma cliente não é o principal suspeito pelo crime. "Sabemos que ela foi executada, mas ainda não há como apontar uma motivação específica para o homicídio. Existem diversas possibilidades", relata o advogado.
Apaixonada pela profissão
Kátia Ferraz trabalhava como advogada havia mais de 20 anos. Além de comandar um escritório particular, ela chefiou por cerca de dez anos o setor jurídico do Conselho da Constituição Feminina da Prefeitura de Curitiba. Também foi secretária geral da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na capital entre 1998 e 2001. Há pouco mais de um mês, ela havia sido aprovada em um concurso para trabalhar na Paraná Previdência.
A advogada se formou em 1986 e, segundo amigas, sempre se mostrou uma apaixonada pela profissão. "Ela entrou com 16 anos na faculdade e com 20 já estava formada. Sempre foi a mais nova da turma, mas ajudava todos", conta Isabel Mendes, amiga de Kátia.
Desde o ano 2000, a advogada lutava contra a esclerose múltipla. "Ela não escondia a doença de ninguém. Apesar das dificuldades, a Kátia sempre foi muito positiva e nunca deixou de comparecer a uma audiência. Ela chegou a ficar bem mal, mas de uns anos para cá vinha melhorando muito", diz Mendes.
Kátia se divorciou há cerca de 15 anos e, atualmente, estava em uma união estável e morava em um condomínio no bairro Boa Vista. O enterro da advogada foi realizado na tarde de quinta-feira no Cemitério Parque Jardim da Saudade. Ela deixa três filhos: de 17, 20, 21 anos. Um deles está cursando a faculdades de Direito.
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