O impacto econômico da violência física, psicológica e sexual contra as crianças chega a US$ 7 trilhões (R$ 21 trilhões ao câmbio atual) em todo o mundo, considerando a soma da assistência médica e das perdas de produtividade das vítimas ao longo da vida.
O planeta perde por ano US$ 97 bilhões (R$ 300 bilhões) só com as piores formas de trabalho infantil e outros US$ 144 milhões devido à associação de crianças com grupos armados. Os dados serão apresentados nesta quarta-feira (1.º) em Brasília pela ChildFund Brasil.
Violência contra a criança se alastra por todos os países, classes e religiões
Leia a matéria completaO custo financeiro – que de alguma forma pode ser medido, ao contrário do custo emocional das vítimas – será debatido até quinta-feira (2) no seminário Livre de violência, promovido por organizações não governamentais com atuação internacional: Fundação Abrinq – Save the Children, Plan International Brasil, Visão Mundial, ChildFund Brasil e Aldeias Infantis SOS. O evento vai discutir como é possível erradicar a violência contra a criança e o adolescente no Brasil até 2030.
A ChildFund Alliance contratou o Overseas Development Institute (ODI), da Inglaterra, para realizar pesquisas sobre os custos globais e o impacto econômico da violência contra as crianças. A principal conclusão é de que as perdas globais chegam a US$ 7 trilhões ao longo da vida desse conjunto de vítimas, o que equivale a 8% do Produto Interno Bruto ( PIB) da Austrália, Canadá , Índia e México juntos.
ODS na infância
A partir de janeiro tem início o prazo de 15 anos para que as nações de todo o mundo coloquem em prática os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), por meio de iniciativas públicas e privadas. Conforme preconizado na Conferência Rio+20, a promoção de forma justa e equitativa dos direitos da criança e do adolescente integra os 17 ODS e suas 169 metas (integrando as dimensões social, econômica e ambiental). O documento com os indicadores a serem alcançados será anunciado na 70.ª assembleia geral da ONU, em setembro deste ano.
Para chegar a esse valor, o ODI analisou o número de crianças que sofreram violência em um determinado ano no mundo, usou pesquisas já feitas sobre o tema em alguns países e fez o cálculo sobre a perda de produtividade das vítimas. Isto significa que, para essas crianças, os custos em termos de produtividade ao longo de suas vidas pode passar de US$ 7 trilhões. Esse valor não leva em conta outros custos, como os dos sistemas de saúde e de justiça, não disponíveis globalmente.
O estudo aponta a existência de 168 milhões de crianças submetidas ao trabalho infantil, 85 milhões delas em funções perigosas. Considerando que para cada ano adicional de escolaridade a renda de uma pessoa aumenta em 10%, o ODI calculou os anos perdidos de escolarização e a diferença na renda anual perdida por esses 85 milhões de crianças. Esse valor é estimado em US$ 97 bilhões por ano, o equivalente a sete vezes o PIB da Islândia em 2013.
O ODI também estima que o custo anual de crianças cooptadas por forças armadas ou grupos criminosos pode chegar a US$ 144 milhões, a partir da perda média de cinco anos de escolaridade, da perda da capacidade produtiva ao longo da vida decorrente de incapacidades, de trauma psicológico ou morte.
Causa e Consequência
Veja análise do estudo encomendado pela ChildFund Alliance:
Violência sexual
Cenário
Até 50% das agressões sexuais no mundo são cometidas contra meninas de até 16 anos, segundo dados de 2011 do Unicef e do Fundo de Populações das Nações Unidas (Unfpa). Estima-se que 1,8 milhão de crianças estão sujeitas ao comércio de exploração sexual e de imagens de abuso sexual no mundo.
Impacto econômico
Custos com assistência médica ao longo da vida, com possibilidade de gravidez precoce e níveis mais baixos de educação relacionados. Por sua vez, isso pode levar ao absentismo laboral e declínio da produtividade no trabalho como resultado dos problemas de saúde.
Violência física e psicológica
Cenário
Pesquisa da Unicef de 2006 indica que mais de 275 milhões de crianças em todo o mundo estão expostas à violência em casa, embora as subnotificações signifiquem que outros milhões de crianças podem ter sido afetadas.
Impacto econômico
Os custos reais resultantes da violência são baseados em respostas comportamentais das vítimas, segundo a ONU, e a disponibilidade dos serviços, alterando significativamente os custos diretos e indiretos para as vítimas e prestadores de serviço.
Trabalho perigoso
Cenário
A OIT calcula que 5,4% das crianças do mundo estão envolvidas no trabalho perigoso, com 85,3 milhões entre 5 e 17 anos trabalhando em condições perigosas em vários setores, como mineração, construção civil e agricultura. Em Bangladesh, o trabalho perigoso responde por 63% do emprego entre crianças de 5 a 9 anos, 56% entre 10 e 14 anos e 57% entre 15 e 17 anos.
Impacto econômico
As piores formas de trabalho infantil resultam na escravidão da criança, separação da família, exposição a graves perigos e doenças, e isolamento desde muito cedo, levando a consequências adversas para a saúde da criança, à exposição a outras violências e a consequências para suas futuras atividades de geração de renda.
em grupos armados
Cenário
A estimativa do número de crianças associadas com forças ou grupos armados varia de 250 mil a 300 mil, segundo a ONU, embora esse número seja subestimado. Pode haver um aumento de risco da exploração sexual e violência, associado ao aumento potencial do tráfico de crianças, violência psicossocial e formas extremas de trabalho infantil.
Impacto econômico
Os custos podem estar relacionados com o tratamento de curto e longo prazo, impactos psicológicos, efeitos secundários, incluindo perda de produtividade e renda ao longo da vida, e morte. Os riscos de violência contra as crianças variam de um país para outro e dependem de inúmeros fatores, como o número de crianças afetadas, a capacidade do país de responder e a força das suas instituições.
Esquerda tenta mudar regra eleitoral para impedir maioria conservadora no Senado após 2026
Falas de ministros do STF revelam pouco caso com princípios democráticos
Sob pressão do mercado e enfraquecido no governo, Haddad atravessa seu pior momento
Síria: o que esperar depois da queda da ditadura de Assad
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora