O governo federal vai tentar traçar uma estratégia conjunta com São Paulo e Rio de Janeiro para coibir e punir de forma mais eficiente os atos de violência e vandalismo em protestos. Foi marcada para hoje uma reunião com os secretários de segurança dos dois estados no Ministério da Justiça, em Brasília, para definir as principais medidas a serem tomadas.
"Não significa reprimir liberdade de manifestação, mas [fazer] análise de inteligência, investigar e aplicar punição da melhor forma possível às pessoas que transgridem a lei", afirmou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Segundo ele, Rio e São Paulo foram escolhidos porque são os locais onde os protestos "recorrentemente" têm terminado com atos de vandalismo.
A decisão foi tomada depois que o protesto contra a morte do adolescente Douglas Rodrigues, de 17 anos, levou pânico a bairros da zona norte de São Paulo, na noite de segunda-feira. Veículos incendiados, lojas saqueadas, motoristas roubados e a interdição por quatro horas da rodovia Fernão Dias, principal ligação rodoviária entre São Paulo e Minas Gerais, foram algumas das consequências do ato.
A presidente Dilma Rousseff lamentou a morte do adolescente em sua conta no Twitter. "Assim como Douglas, milhares de outros jovens negros da periferia são vitimas cotidianas da violência."
O rapaz foi assassinado na madrugada de domingo durante uma abordagem de policiais que foram atender a uma reclamação de barulho. O soldado Luciano Pinheiro Bispo, 31 anos, foi preso em flagrante por homicídio culposo (sem intenção). O tiro, segundo ele, foi acidental.
A morte do jovem foi o estopim de uma onda de protestos violentos. Na estrada, além de motoristas terem sido atacados (principalmente por jovens com rostos cobertos), passageiros foram obrigados a descer de um ônibus de turismo. Aproximadamente 90 pessoas foram detidas.