Planalto quer traçar estratégia conjunta com Rio e São Paulo para coibir e punir o vandalismo| Foto: Victor Moryama/ Reuters

Diagnóstico

Ministro admite não compreender "black blocs", mas diz buscar diálogo

O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência, afirmou ontem que faltam interlocutores ao movimento dos "black blocs" para que o governo consiga compreender o fenômeno. Disse, contudo, que há interesse em diagnosticar os grupos adeptos dessa prática, que usa o confronto com as forças policiais e a destruição de agências bancárias, lojas e prédios públicos como forma de protesto.

"Trata-se de um fenômeno social que, para podermos ter uma atuação eficaz, nós temos de ter um diagnóstico mais preciso. Nos falta até agora esse diagnóstico mais preciso. Estamos acelerando isso, estamos em diálogo com a polícia, com as autoridades dos estados, estamos buscando e também com a sociedade, com movimentos juvenis. Porque a simples criminalização imediata, ela não vai resolver", disse o ministro.

Segundo ele, o governo está "preocupadíssimo" com a questão e procura entender "até que ponto a cultura de violência vivida na periferia já emigrou para esse tipo de ação".

Refém

Para o ministro, a sociedade está refém do movimento e voltou a se afastar das ruas por medo da violência propagada pelo grupo.

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O governo federal vai tentar traçar uma estratégia conjunta com São Paulo e Rio de Janeiro para coibir e punir de forma mais eficiente os atos de violência e vandalismo em protestos. Foi marcada para hoje uma reunião com os secretários de segurança dos dois estados no Ministério da Justiça, em Brasília, para definir as principais medidas a serem tomadas.

"Não significa reprimir liberdade de manifestação, mas [fazer] análise de inteligência, investigar e aplicar punição da melhor forma possível às pessoas que transgridem a lei", afirmou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Segundo ele, Rio e São Paulo foram escolhidos porque são os locais onde os protestos "recorrentemente" têm terminado com atos de vandalismo.

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A decisão foi tomada depois que o protesto contra a morte do adolescente Douglas Rodrigues, de 17 anos, levou pânico a bairros da zona norte de São Paulo, na noite de segunda-feira. Veículos incendiados, lojas saqueadas, motoristas roubados e a interdição por quatro horas da rodovia Fernão Dias, principal ligação rodoviária entre São Paulo e Minas Gerais, foram algumas das consequências do ato.

A presidente Dilma Rou­sseff lamentou a morte do adolescente em sua conta no Twitter. "Assim como Douglas, milhares de outros jovens negros da periferia são vitimas cotidianas da violência."

O rapaz foi assassinado na madrugada de domingo durante uma abordagem de policiais que foram atender a uma reclamação de barulho. O soldado Luciano Pinheiro Bispo, 31 anos, foi preso em flagrante por homicídio culposo (sem intenção). O tiro, segundo ele, foi acidental.

A morte do jovem foi o estopim de uma onda de protestos violentos. Na estrada, além de motoristas terem sido atacados (principalmente por jovens com rostos cobertos), passageiros foram obrigados a descer de um ônibus de turismo. Aproximadamente 90 pessoas foram detidas.