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Vila Torres

Violência leva o segundo filho de Cláudia

"Não consertamos roupas sujas". A mensagem, alusiva às peças levadas por moradores para a garagem improvisada como oficina de costura na Vila Torres contrastava ontem com o cenário de tristeza que tomou conta do local por causa do ainda mais improvisado velório de Cahuê da Silva da Cruz, de 7 anos. Anteontem, ele passeava de bicicleta e foi morto com um tiro.

"Infelizmente essa é a tristeza a qual essas crianças estão submetidas", disse o avô de Cahuê, Antônio, apontando para as dezenas de crianças que rodeavam o caixão. Ele mora no Santa Cândida e tentava acalmar a irmã da vítima, que chorava e soluçava dentro de um carro. Segundo Antônio, essa não foi a primeira perda de Cláudia da Silva, 32, a mãe de Cahuê. "Há cinco anos, ela perdeu outro filho". O garoto tinha cinco anos e foi atropelado.

Assim como naquela época, a tragédia de agora também não é vista pelos parentes como fruto das atitudes dos pais. "Estão falando que o meu sobrinho era usado no tráfico. Isso é um absurdo", criticou a irmã do pai de Cahuê. Logo após o crime, policiais militares que foram ao local deram entrevistas dizendo que o crime pode ter sido um acerto de contas. "Tudo indica que tanto a mãe quanto o pai traficavam drogas. Por isso, achamos que o crime foi um acerto de contas", disse anteontem o soldado Amarildo Dexcheimer, que esteve no local.

Cláudia e a família moravam na Vila Torres havia seis anos, segundo vizinhos. Recentemente, ela deixou o "lado de baixo" e se mudou para o chamado "lado de cima". Moradores dos dois lados têm rixa histórica. Mas a mudança da família não foi o motivo do crime. "Eles [os criminosos] pararam na esquina da Rua Guabirotuba e deram uns 30 tiros aqui para cima. O garoto estava descendo de bicicleta e foi atingido no pescoço. A mãe, como tinha se mudado recentemente, achou que era com ela. Mas, para mim, eles queriam pegar um piazão vizinho nosso que chama a atenção pelo tamanho", relata um dos homens que estava na mercearia alvo dos disparos.

A mãe e o pai de Chauê tiveram de deixar a oficina improvisada como capela menos de meia hora após a chegada do corpo. Foram chamados à delegacia para reconhecer os autores dos disparos. O delegado Fábio Amaro informou que havia identificado os suspeitos, mas até o fechamento desta edição ainda não havia confirmação de que os homens tenham sido detidos.

Colaborou Lucas Gabriel Marins

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