Rio – O ano termina com as lembranças da violência que deixou marcas no Rio de Janeiro. Como na madrugada de quinta-feira passada, quando, incomodados com o poder das milícias, traficantes ordenaram ataques que deixaram, até agora, 19 mortos e 25 feridos, em diversos pontos do Rio e região metropolitana. Os alvos foram, na maioria, delegacias, postos de policiamento comunitário, cabines da PM e prédios públicos.

CARREGANDO :)

No primeiro e mais covarde dos atentados, um ônibus da Viação Itapemirim, que saíra de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, com direção a São Paulo, foi incendiado com 28 pessoas a bordo. Mesmo tendo sido acordados com o ônibus em chamas, a maioria dos passageiros conseguiu escapar, mas sete morreram carbonizados. O ataque ocorreu na Avenida Brasil, na altura da Cidade Alta.

Em Campinho, um homem que registrava uma ocorrência dentro da 28.ª DP foi morto; e a delegacia, metralhada. Em Bangu, quatro ônibus foram queimados. Em Olaria, patrulhas e destacamentos foram metralhados. Em Botafogo, uma vendedora de sorvete que estava ao lado de uma cabine da PM morreu baleada.

Publicidade

Impasse

Os ataques ocorreram a quatro dias do réveillon. Sete bandidos foram presos. A Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro atribuiu os ataques à busca de regalias pelos bandidos na mudança de governo, mas a Secretaria de Administração Penitenciária do estado informou que as ações foram cometidas por duas facções criminosas que se uniram para combater as milícias, formadas por policiais da ativa e da reserva, em favelas antes dominadas pelo tráfico. Durante a madrugada seguinte à dos ataques, algumas empresas retiraram ônibus de circulação.

A governadora Rosinha Garotinho disse que não via motivos para aceitar a ajuda da Força Nacional de Segurança. Já o governador eleito Sérgio Cabral avisou que pode pedir ajuda federal e, conversando com um assessor, desabafou: "Eu não estou vendo polícia na rua".