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Segurança

Violência não cessa na RMC há 10 meses

Chacina em Almirante Tamandaré deixou quatro mortos em fevereiro: a maioria das vítimas é jovem entre 18 e 30 anos | Daniel Castellano/Arquivo Gazeta do Povo
Chacina em Almirante Tamandaré deixou quatro mortos em fevereiro: a maioria das vítimas é jovem entre 18 e 30 anos (Foto: Daniel Castellano/Arquivo Gazeta do Povo)
Confira que houve crescimento no número de mortes no primeiro semestre de 2010 |

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Confira que houve crescimento no número de mortes no primeiro semestre de 2010

A violência em Curitiba e região metropolitana tirou 979 vidas no primeiro semestre de 2010, segundo levantamento feito pela Gazeta do Povo com base nos boletins do Instituto Médico-Legal (IML). Um número 23% maior se comparado ao mesmo período do ano anterior (796 homicídios) e 35% em relação ao semestre inicial de 2008 (722). Foram registrados, em média, mais de cinco óbitos por dia neste ano. Pior: a análise dos dados mostra que a quantidade de assassinatos na Grande Curitiba só cresceu nos últimos dez meses. Apenas em junho foram cometidas 127 mortes por arma de fogo, arma branca ou agressão.

O perfil das vítimas pouco mudou, o que revela a face mais revoltante da violência. Cada vez mais jovens, na faixa etária de 18 a 30 anos, morrem. Só em 2010 foram 419 vítimas. Das 979 mortes, 84% (825) ocorreram por intermédio de arma de fogo.

Na capital, bairros como Cidade Industrial (CIC), Sítio Cercado, Boqueirão, Cajuru e Tatuquara figuram no topo dos bairros mais violentos no primeiro semestre do ano. Desde 2008, a CIC vem se mantendo no topo dos índices de criminalidade (veja matéria nesta página). Nos últimos seis meses foram 66 mortes, contra 37 no mesmo período do ano passado, que encerrou com 98 casos.

Na região metropolitana, São José dos Pinhais lidera os índices com 78 homicídios, seguido por Colombo (70) e Piraquara (62). O mais alarmante é que o número de mortes em São José já se aproxima do total registrado na cidade em 2009 – 97 assassinatos.

Para o chefe do Comando de Policiamento da Capital, coronel Jorge Costa Filho, é preciso lembrar que a violência é proporcional ao tamanho do município e ao crescimento da população. Ele diz que estão em treinamento cerca de 500 policiais militares para reforçar o policiamento em Curitiba e RMC.

Falta diagnóstico

Na opinião de especialistas em segurança, a permanência das mesmas regiões encabeçando o ranking dos homicídios é um indício da falta de planejamento do enfrentamento da criminalidade. "Os índices de homicídio carecem de investigação aprofundada. Não adianta dizer que é tudo culpa do tráfico de drogas. Isso virou uma espécie de justificativa moral para a morte violenta", cobra o sociólogo Pedro Bodê, coordenador do Grupo de Estudos da Violência da Universidade Federal do Paraná.

Para eles, o combate e a prevenção dependem de estratégias específicas para cada bairo ou cidade que vão muito além do simples aumento do policiamento. O primeiro passo, segundo eles, é diagnosticar as causas da violência em cada região. Só com esse diagnóstico as estratégias de enfrentamento têm uma chance de produzir efeito. E elas devem envolver estado, município e sociedade em ações que girem entorno de dois pilares: a atuação inteligente da polícia e a criação de uma rede de proteção social.

Exemplos nacionais

Existem pelo menos dois exemplos em que essas diretrizes orientaram estratégias de sucesso: Belo Horizonte (MG) e Diadema (SP). As duas cidades registram queda nos índices de criminalidade há seis anos seguidos. "Em Belo Hori­zon­te, a maior parte das mortes estava relacionada a conflitos de traficantes, sempre entre os mesmos grupos. Esses homicidas contumazes foram identificados e presos em ações planejadas", sintetiza a socióloga Ana Paula Galdeano Cruz, que realizou pesquisa do Cen­­tro Brasileiro de Análise e Planeja­mento sobre o tema.

Já em Diadema, verificou-se uma alta taxa de mortes violentas em conflitos entre jovens relacionadas ao uso de álcool. "Foi instaurado o fechamento de bares à noite, mas dada uma alternativa de ocupação aos jovens, com atividades específicas em cada bairro. Porque às vezes há uma quadra de esporte num bairro pobre e chamam isso de prevenção de violência, mas não há nada nela que aja na dinâmica da violência", diz Melina Risso, diretora do Instituto Sou da Paz, que atuou nas ações na cidade paulista. Procurada pela reportagem, a Secretaria da Segurança Pública do Paraná não quis se pronunciar.

Veja abaixo os crimes mais violentos noticiados pelo jornal no primeiro semestre de 2010

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