Pressão alta e álcool são maiores riscos à saúde
Outro dado útil para a definição de políticas públicas apontado na pesquisa é a identificação dos principais fatores de risco para a vida saudável e a própria mortalidade. Na região da pesquisa que inclui o Brasil, a pressão alta e o consumo de álcool são os principais itens, seguidos do fumo e da obesidade. Quando considerada somente a população que vai dos 15 aos 49 anos, o álcool assume a liderança.
Para o doutor em Demografia José Eustáquio Diniz Alves, do IBGE, o consumo de álcool como segundo fator mais relevante no aumento de riscos à vida saudável é o que mais devia chamar a atenção das autoridades. "Bebidas alcóolicas estão por trás de muitos dos homicídios e acidentes de trânsito no país, mas a propaganda de bebidas não só é liberada como personalidades influentes promovem o seu consumo", diz.
Detalhes
Estudo aponta "período de vida saudável"
Embora a expectativa de vida dos brasileiros em 2010 chegasse a 70 anos entre homens e 77 entre mulheres, a "expectativa de vida saudável" era bem menor. A pesquisa diferencia como tempo saudável o período vivido sem doenças e problemas físicos permanentes.
De acordo com artigo de um dos autores do estudo, professor Joshua A. Salomon, de Harvard, o índice fornece evidências úteis para políticas que busquem enfrentar as mudanças na condição de vida da população que vive por mais tempo.
Em 2010 a expectativa mundial de vida saudável para homens era de 58,3 anos enquanto para mulheres era de 61,8 anos. No Brasil, a média foi de 60,2 anos para homens e 64,9 para mulheres.
O principal motivo que leva pessoas a perderem anos de vida no Brasil são os homicídios. Segundo a pesquisa Global Burden of Disease (GBD) Carga Global de Doença, em português a violência limita mais a longevidade dos brasileiros do que enfartes, derrames ou qualquer tipo de câncer. Na maioria dos outros países incluídos na pesquisa, problemas no coração são a principal causa.
O estudo foi publicado na revista inglesa The Lancet e conta com a participação de 486 cientistas de 302 instituições em 50 países. Entre as responsáveis pelo levantamento de dados estão a Universidade de Harvard, o Imperial College, de Londres, e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
INFOGRÁFICO: Violência é a maior limitadora da longevidade no Brasil
Os resultados mostram que as doenças infecciosas, enfermidades relacionadas à mortalidade infantil e a desnutrição causam agora menos mortes no mundo do que há 20 anos. No entanto, a América Central e a região chamada no estudo de América Tropical, que compreende Brasil e Paraguai, são as únicas a registrar fatores externos, e não doenças, como principal causa para a perda de anos que se poderia viver, tendo como referência a expectativa de vida de cada país.
Na região chamada de Europa Ocidental, que inclui países como Inglaterra, França e Espanha, as mortes violentas são a 50ª causa limitadora de longevidade. Mesmo entre outros vizinhos sul-americanos os homicídios não estão entre os dez fatores mais relevantes. Na região chamada pelo estudo de América Latina do Sul, que envolve Argentina, Chile e Uruguai, os assassinatos ocupam a 12ª colocação.
Outro fator não vinculado a doenças que diminui o tempo de vida da população brasileira e paraguaia, assim como dos cidadãos da América Latina do Sul, são as lesões causadas por acidentes de trânsito, que aparecem na quarta posição.
Guerra
Segundo o doutor em Demografia e pesquisador José Eustáquio Diniz Alves, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o peso das mortes por causas externas no Brasil fica mais claro quando se compara o número com a quantidade de óbitos em conflitos bélicos, como a Guerra do Vietnã (1961-1975). "Lá morreram 46 mil soldados americanos. No Brasil morrem mais homens por causas externas do que isso. Temos cerca de duas guerras do Vietnã por ano", alerta.
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