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Mortes no Evangélico

Virgínia diz que confia na Justiça ao chegar para audiência

À imprensa, o promotor do caso, Paulo Lima, informou que o MP está preparado para casos que envolvem conhecimentos específicos da área médica. "Se precisar temos assistentes que nos auxiliam, e sobre os aspectos médicos vamos nos valer de conhecimentos de profissionais", declarou | André Rodrigues/Agência de Notícias Gazeta do Povo
À imprensa, o promotor do caso, Paulo Lima, informou que o MP está preparado para casos que envolvem conhecimentos específicos da área médica. "Se precisar temos assistentes que nos auxiliam, e sobre os aspectos médicos vamos nos valer de conhecimentos de profissionais", declarou (Foto: André Rodrigues/Agência de Notícias Gazeta do Povo)
A médica Virgínia Soares de Souza é acusada de antecipar a morte de pacientes em UTI do Hospital Evangélico. Ela responde pelos crimes em liberdade |

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A médica Virgínia Soares de Souza é acusada de antecipar a morte de pacientes em UTI do Hospital Evangélico. Ela responde pelos crimes em liberdade

A médica Virgínia Soares de Souza disse nesta quarta-feira (25) que "confia na Justiça e a verdade leva tempo". Ela acompanha junto com seu advogado, no Tribunal do Júri, em Curitiba, o depoimento de testemunhas no caso no qual ela é acusada de antecipar mortes na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Evangélico, em Curitiba. Até esta quinta-feira (26), deverão ser ouvidas 19 pessoas selecionadas pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) para deporem contra a médica na fase do processo que é chamada de audiência de instrução.

A declaração foi feita quando Virgínia chegou ao Tribunal do Júri, no Centro Cívico, onde as testemunhas serão ouvidas. Os depoimentos colhidos nas audiências de instrução vão ajudar a Justiça a definir se o caso deve ou não ir a júri popular. A princípio não estava programado que a médica fosse ao local, mas ela compareceu junto com o advogado Elias Mattar Assad, defensor dela. Virgínia não será ouvida e apenas seu representante jurídico poderá intervir durante a coleta dos depoimentos.

Audiência

A audiência de instrução das testemunhas selecionadas pelo MP-PR começou por volta das 14 horas desta quarta. O primeiro depoimento foi de uma técnica de enfermagem do Hospital Evangélico. Às 17 horas, foi a vez de uma uma enfermeira depor. Pela demora das declarações, os testemunhos entrariam madrugada adentro, de acordo com previsão do MP.

O testemunho mais esperado do dia é de Mário Lobato da Costa, representante do Ministério da Saúde na sindicância que apura eventuais irregularidades na unidade. Ainda não se sabe a ordem dos depoimentos. De acordo com o promotor do MP-PR designado para o caso, Paulo Sérgio Markowicz de Lima, a expectativa é de cinco pessoas sejam ouvidas neste primeiro dia de audiência.

Lima disse ainda que acha difícil que o restante das testemunhas consigam depor na quinta-feira (26), segundo e último dia da audiência da acusação. Ao final, a médica Virgínia e os outros sete acusados - que assistem à audiência - serão interrogados pela promotoria.

Questionado sobre os aspectos técnicos e médicos que surgirão durante a audiência, Lima informou que o Ministério Público está preparado para casos que envolvem conhecimentos específicos da área médica. "Se precisar temos assistentes que nos auxiliam, e sobre os aspectos médicos vamos nos valer de conhecimentos de profissionais", declarou o promotor.

O MP-PR acredita que até o final deste ano sejam finalizadas todas as audiências de instrução do caso da médica Virgínia. No entanto, como se trata de um caso complexo, se houver realização de perícias o processo pode demorar mais tempo, informou o promotor, que acredita num resultado positivo para o lado da promotoria."A perspectiva é que a gente consiga ir para júri popular", concluiu.

Defesa

A defesa da médica, conduzida pelo advogado Elias Mattar Assad, voltou a afirmar que o processo marcará negativamente o MP e para a Segurança Pública do Paraná. "Esse processo é um desafio para a medicina e para o direito. Da maneira que está se desenvolvendo, o caso não vai a júri popular", afirmou. Segundo ele, todas as circunstâncias das mortes estão explicadas na literatura médica.

Relembre o caso

Em fevereiro deste ano, a médica Virgínia Soares de Souza foi presa durante uma operação realizada pelo Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde (Nucrisa) para apurar mortes suspeitas de pacientes que passaram pela Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Evangélico de Curitiba. Na época, a médica chefiava a unidade.

A investigação feita pelo núcleo levou em conta as circunstâncias de sete óbitos registrados no local. Um policial infiltrado como enfermeiro na UTI geral do estabelecimento ajudou a colher provas para a concretização do inquérito, que foi encaminhado ao Ministério Público do Paraná no início de março.

Após análise do inquérito, o MP-PR denunciou criminalmente à Justiça oito pessoas envolvidas no caso. Seis deles, funcionários do Hospital Evangélico, foram denunciados por homicídio duplamente qualificado (por motivo torpe e sem chances de defesa às vítimas) e formação de quadrilha. Segundo o órgão, os acusados abreviaram a vida dos pacientes com o objetivo de abrir novas vagas no centro médico.

Primeira a ser presa nas investigações, a médica intensivista Virgínia Helena Soares de Souza é acusada de coautoria em todas as sete mortes. Os outros médicos denunciados são Maria Israela Cortez Boccato, Edison Anselmo da Silva Júnior e Anderson de Freitas. Também são acusadas as enfermeiras Patrícia Cristina de Goveia Ribeiro e Lais da Rosa Groff. De acordo com o MP-PR, cada um deles participou de pelo menos uma das mortes ocorridas na UTI do Evangélico.

Outras duas pessoas, que também trabalhavam na instituição de saúde, foram denunciadas apenas pelo crime de quadrilha: a fisioterapeuta Carmencita Emília Minozzo e o enfermeiro Claudinei Machado Nunes. O processo será distribuído a uma das varas do Tribunal do Júri que avalia se aceita ou não a denúncia criminal.

O MP-PR atribui ao grupo sete mortes, ocorridas entre 2006 e janeiro deste ano. Segundo o órgão acusador, os profissionais da saúde acusados agiam como se tivessem o poder de decretar a morte das vítimas, além de escolherem quais pacientes teriam o direito a permanecer vivos no centro médico.

A denúncia foi aceita pela Justiça paranaense na mesma semana em que foi oferecida pelo MP-PR.

Prisão

A intensivista foi detida temporariamente no início das investigações. Uma semana depois, a Justiça converteu a prisão em preventiva. Porém, um pedido de liberdade feito pelo advogado dela foi acatado pelo TJ-PR, que a libertou depois de ela estar pouco mais de um mês na prisão.

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