O cemitério São Francisco de Paula recebe tours guiados que mostram um pouco da história da sociedade curitibana| Foto: Marco André Lima/Gazeta do Povo
Além da arquitetura, os passeios no cemitério revelam nomes expressivos da cultura e da história de Curitiba e do Paraná
Fundado em 1853, o cemíterio São Francisco de Paula é o mais antigo de Curitiba

O que os mortos têm a dizer sobre nós? Uma série de visitas guiadas ao cemitério municipal São Francisco de Paula, no bairro São Francisco, em Curitiba, promete responder a essa questão de forma ampla: desde entender o modo como nos relacionamos com a morte até as influências artísticas nos túmulos. As inscrições para as visitas começaram nesta segunda-feira (20) e são gratuitas. Os passeios acontecem nos dias 04, 05 e 06 de junho, às 15 horas.

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Em duas horas, a pesquisadora e presidente da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais, Clarissa Grassi, percorre os corredores do cemitério mais antigo da cidade – fundado em 1853 – para mostrar os túmulos de famosos, curiosidades sobre a disposição e a arquitetura das lápides e da formação da sociedade curitibana. O cemitério tem 5,7 mil túmulos e uma "população" de mais de 74 mil sepultados.

No São Francisco de Paula estão enterrados grandes nomes curitibanos que, se não são conhecidos pelos feitos, o são por nomes de rua. Estão lá os políticos Vicente Machado, Barão do Cerro Azul e Manuel Eufrásio, além de Maria Bueno, assassinada brutalmente em 1893 e que virou santa milagreira da cidade.

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"O cemitério é um espelho da nossa cultura. Dá pra ver como nos relacionamos com a morte ao longo do tempo", diz Clarissa. "Até o século 19, as pessoas morriam em casa, com seus familiares. Com a criação dos cemitérios, aos poucos entra a morte asséptica, que ocorre longe dos nossos olhos, quase sempre em hospitais. As pessoas evitam falar ou visitar o cemitério porque lembram como é frágil a vida. Então os cemitérios viram parques ou os mortos são cremados. Isso é quase apagar a morte totalmente da nossa vida", explica.

Um ponto interessante é a separação entre os mausoléus dos mais ricos e os túmulos simples dos mais pobres. De acordo com a pesquisadora, o distanciamento entre as classes sociais costuma ser seguida até depois da morte. Clarissa já fez visitas guiadas ao cemitério durante as Correntes Culturais de 2011 e 2012 e afirma que a procura é sempre grande. "Minha paixão é estudar esse cemitério. Adoro fazer as visitas e ver as pessoas mudarem o olhar. Tem muita coisa bonita e interessante, só que a pessoa tem que estar aberta", conta.

Os passeios fazem parte da programação da Semana do Meio Ambiente e é organizado pelo Departamento de Serviços Especiais da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (MASE).

Inscrições

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo e-mail mase@smma.curitiba.pr.gov.br. É preciso enviar o nome completo, data de nascimento, RG e telefone para contato. Não serão permitidas gravações ou fotos durante a visita. Cada visita pode ser acompanhada por até 30 pessoas.

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Visitas

Dias 04, 05 e 06 de junho às 15 horas.