Fiéis de Curitiba ficam na oração
Fiéis da Igreja Renascer em Cristo de Curitiba dizem estar em oração pelas vítimas do desabamento do teto da sede de São Paulo. Cerca de dez pessoas participaram ontem do culto em Curitiba, no bairro das Mercês. O templo é o único da igreja no Paraná ao contrário de São Paulo, onde a participação da Renascer é expressiva. A capital paulista tem quase cem templos da denominação.
Os fiéis curitibanos evitaram falar com a imprensa e concordaram apenas que estão em oração. Um deles, que prefere não se identificar, disse que até agora nada foi pedido de doação em dinheiro.
Nesta semana, os bispos Estevam e Sonia Hernandes, que estão em Miami, pediram reforço no dízimo para a reconstrução, conforme noticiou o jornal O Estado de S. Paulo. A igreja está pedindo para quem quiser ajudar no apoio às vítimas depositar dinheiro no fundo de ajuda já existente, chamado Gideão. É o dinheiro desse fundo que paga as obras sociais, segundo a assessoria de imprensa da Renascer, que completa que "a comunidade evangélica tem característica de ter fundo de ajuda". A assessoria não tem informação se o valor da conta aumentou após o acidente.
A sede em Curitiba fica na Rua Visconde do Rio Branco. No terreno, há duas construções: a da frente, uma casa azul para trabalhos administrativos, e um galpão ao fundo, onde funciona o templo, bem menor que o que desabou em São Paulo. Nos dias de semana poucos fiéis participam do culto. Dos que participam, a maioria é natural de São Paulo.
Serviço
Mais informações sobre como ajudar no site www.igospel.com.br.
Bruna Maestri Walter
O delegado da Polícia Civil Dejar Gomes Neto, da seccional do centro, afirmou, em entrevista coletiva concedida ontem, que o Departamento de Controle do Uso de Imóveis (Contru), da prefeitura de São Paulo, apresentou documentos comprovando que fiscalizou a sede da Igreja Renascer em Cristo, no Cambuci (região central da cidade), em junho de 2007, antes da reforma no telhado. A polícia ouviu os depoimentos de Vagner Monfardini Pasotti, diretor do Contru, e Sílvio De Sicco, diretor de fiscalização de locais para receber mais de 500 pessoas.
Segundo o delegado, na ocasião, a vistoria foi feita "pessoalmente" por De Sicco, e o órgão atestou que a estrutura era "segura". Em julho de 2008, foi expedido um novo alvará de funcionamento à igreja válido até julho de 2009 dessa vez, sem vistoria. "Porque o Contru não foi avisado de que havia sido feita uma reforma", afirmou.
Entre agosto e novembro de 2008, a Etersul Coberturas empresa sem registro no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) fez a reforma no teto da igreja. A empresa diz ter trocado 1,6 mil telhas do templo sem a orientação de um engenheiro. Seu proprietário, Daniel dos Anjos, diz não ver necessidade de engenheiro para trocar telhas, apesar da exigência do Crea.
"Pelos documentos apresentados pelo Contru, ficou claro que eles fizeram o que a lei manda", afirma o delegado. Até ontem, a Polícia Civil ainda não havia ouvido nenhum dirigente da Renascer sobre o caso. Os dirigentes da igreja deverão ser ouvidos na semana que vem.
Segundo o delegado, após o desabamento, os dirigentes do Contru voltaram ao templo, onde verificaram a existência de telhas novas, além de "claros indícios" de equipamentos de som e ar-condicionado presos às tesouras do teto o que não havia em 2007.
Um dia após o acidente, a Defesa Civil da cidade de São Paulo afirmou que a grande quantidade de aparelhos de ar-condicionado encontrados nos escombros do teto do prédio pode ser uma das causas de a estrutura ter sobrecarregado e desabado.
Porém, para o delegado, ainda é cedo apontar se houve ou não negligência por parte da igreja e apontar culpados.
Até o momento, foram ouvidas cerca de 35 testemunhas incluindo vítimas do acidente.
Multa
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) multou, ontem, a Igreja Renascer e a Etersul Coberturas e Reformas pela utilização de 1,6 mil telhas de amianto na cobertura do templo. A Renascer terá de desembolsar cerca de R$ 2 mil. A Etersul, responsável pela obra, deverá pagar aproximadamente R$ 3 mil. A lei paulista proíbe o uso do amianto fibra mineral considerada tóxica no estado.
A Etersul corre ainda o risco de ser multada em mais R$ 9 mil, caso não prove, até as 17 horas de hoje, que os cinco trabalhadores contratados para executar a obra eram registrados. Outra exigência é a apresentação da cópia da nota fiscal de compra das telhas. Assim, será possível identificar o local onde elas foram adquiridas e atuar o estabelecimento.
Outro lado
A assessoria da Renascer informou ontem, por meio de nota, que "todas as manutenções foram feitas" seguindo as recomendações do Instituto de SP de Pesquisas Tecnológicas (IPT). "O próprio IPT publicou nota enumerando as recomendações necessárias para manter a segurança da obra", diz a nota. "E nenhuma delas é complexa, difícil de cumprir. São vistorias simples, de limpeza, de não-sobrecarga etc. Foi numa dessas vistorias, justamente, que se verificou a necessidade de troca das telhas antigas por novas o que, aliás, comprova que a manutenção era feita. E sem essas vistorias não teria obtido as revalidações periódicas de seu alvará."
A Renascer afirma que não é irresponsável e nem colocaria fiéis em uma situação de risco evitável.
Acidente
O acidente aconteceu por volta das 19 horas, num horário de transição entre dois cultos. De acordo com a Promotoria, em 1998, o prédio foi interditado pois o teto e o forro já apresentavam problemas e ofereciam riscos aos frequentadores.
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