A jovem de 16 anos vítima de estupro coletivo no Rio de Janeiro foi levada desacordada para o local do crime, segundo a delegada responsável pelas investigações, Cristiana Onorato Bento. A garota relatou ter acordado em uma casa no Morro da Barão classificada como “abatedouro”, cercada por homens.
Segundo a delegada, a jovem lhe relatou que ela foi com um casal de amigos e um outro homem para uma casa depois de um baile funk. Porém, acordou em outro lugar. Um homem a segurava, outros estavam ao seu redor. “Os dois locais ficam próximos. O que estamos investigando é como ela foi carregada de um local para o outro e levada por quem”, disse a delegada, nesta sexta-feira (3).
A polícia também investiga se a menina foi violentada em diferentes momentos no dia 22 de maio. De acordo com policiais, todas as dúvidas da investigação já se esgotaram. Tanto a polícia como a Promotoria entendem que a adolescente foi violentada em diferentes momentos, sendo assim, vítima de vários estupros. Não os estupros considerados convencionais, já que ela não apresentava marcas de agressão. Mas, sim, de atos libidinosos, que pela lei caracteriza estupro.
A polícia descarta aquele estupro tradicional em que a vítima estaria sendo forçada ao sexo, já que a jovem não apresenta marcas de violência pelo corpo. Há o entendimento de que os homens fizeram sexo com a menor quando ela estava desacordada. Há possibilidade de que os traficantes que estavam na boca de fumo, naquela madrugada, tenham participado da violência. Além do dono do tráfico de drogas local, Sérgio Luiz da Silva Júnior, conhecido como Da Russa, outros dois traficantes são procurados pelos policiais.
Para a Promotoria e policiais, o que importa é o momento em que a adolescente está na casa. O vídeo divulgado em uma rede social é a base, assim como os relatos de jovem e dos homens presos até o momento.
A polícia não está interessada em reconstituir na investigação os momentos anteriores à chegada da adolescente no imóvel, conhecido como “abatedouro”. Até o momento, a adolescente prestou quatro depoimentos à Justiça. São relatos fragmentados devido à sua dificuldade em se lembrar da violência.
Suspeitos presos
Nesta quinta feira (2), a delegada pediu a libertação de Lucas Perdomo, um dos suspeitos de participação no crime, preso desde segunda feira (30) com outro acusado, Raí de Souza. De acordo com a delegada, a segunda jovem, que teve relações sexuais com Lucas afirmou que os dois saíram juntos do primeiro local e por isso não estavam na cena do crime. Já Rai, que disse ter feito sexo consentido com a jovem, continua preso. É dele o celular em que foi gravado vídeo no qual a jovem aparece nua e sendo tocada por um dos suspeitos.
Na quinta-feira, a delegada pediu a prisão de mais duas pessoas acusadas de envolvimento no crime, Moisés de Lucena e um homem de apelido Jefinho. Eles seriam ligados ao tráfico de drogas da região. Moisés seria o homem que segurava a jovem quando ela despertou, e Jefinho teria feito a gravação, com o celular de Rai. A polícia ainda não sabe o nome completo de Jefinho, apenas as características físicas relatadas pelas testemunhas.
Até agora, os investigadores não tem como comprovar a presença do atleta no momento em que a jovem estava desacordada. Contribuiu para isso, um depoimento prestado à polícia por uma jovem levada pela defesa do jogador. No dia 27 de maio, a jovem passa uma mensagem para a adolescente vítima que nega a participação de Perdomo no crime.
“Está muito no início para afirmarmos que ele é inocente, mas, até agora, a gente não teve provas suficientes da participação dele, por isso, estou pedindo a soltura”, disse a delegada Cristiana Bento. “Ele continua envolvido. O caso (inquérito) não acabou”, disse.
Ainda há três homens procurados pela polícia: além de Da Russa, Marcelo da Cruz Miranda Correa e Michel Brasil da Silva.
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