O drama de quem viu bem de perto a tragédia do Morro do Bumba, em Niteroi (RJ), com a lama de um lixão engolindo dezenas de casas e pessoas, continua. Os vizinhos que se salvaram são obrigados agora a sair do local. Suas casas foram interditadas pela Defesa Civil e famílias inteiras têm que deixar às pressas os imóveis.

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Os moradores não sabem para onde ir. Sem ajuda do Poder Público, tentam carregar nas costas o pouco que lhes restou. Roupas, móveis e eletrodomésticos ficam do lado de fora, cobertos por plásticos, para evitar que a chuva estrague tudo.

Para o aposentado Norival dos Santos, que comprou uma casa há 12 anos naquele que parecia um lugar seguro, o destino é incerto. "A vida da gente agora é pedir a Deus que dê um abrigo para cada um de nós. Até agora não deram ajuda nenhuma para sairmos daqui. Estamos sem luz, não temos comunicação com nada, não tenho visto televisão, nem escutado rádio", contou Norival, que investiu todas suas economias na pequena casa, que agora ameaça desabar na cratera que se formou com a avalanche.

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Drama semelhante vive a auxiliar de serviços gerais Leia Brives Oliveira. "Está muito difícil para todo mundo. Cada um tenta salvar o que é seu, fugir como pode. Está todo mundo desorientado, em pânico. A gente não sabe o que fazer, tiramos as coisas das casas, mas não sabemos para onde ir, como sair com tudo daqui", disse Léia.

Praticamente ilhados no alto do morro, pois os caminhos ameaçam desabar, impedindo a subida de veículos, os moradores dizem que foram parar lá por falta de opção. "Eu vim de Cambuci [município no interior do Rio]. A gente vem pobre, tenta arrumar alguma coisa aqui, vai para onde? A solução é o morro, a favela", contava Josué dos Anjos, que por muito pouco não foi atingido pelo deslizamento. Cinco metros depois de seu terreno ficava a casa do vizinho, onde morreram soterradas mais de 13 pessoas.