A fuga de 28 presos da Penitenciária Estadual de Piraquara 1 (PEP1) na madrugada de domingo (15) assustou até parte da população vizinha do complexo penal, que convive diariamente com a movimentação no entorno.
No dia, quatro detentos fizeram uma família refém durante quase cinco horas em Quatro Barras, município vizinho à Piraquara. Por isso, vários moradores da região têm adotado medidas de segurança, como se recolher mais cedo, trancar todas as portas e janelas, mantidas normalmente abertas. Alguns também evitam sair na rua.
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Leia a matéria completaOutros, no entanto, incorporaram à rotina o barulho das viaturas e a presença constante de parentes de presos e até dos próprios detentos que saem em regime semiaberto legalmente ou foragidos.
Uma comerciante de 30 anos, da Vila Militar, localidade quase colada à entrada principal do complexo que abriga as penitenciárias de Piraquara , é uma mistura inusitada dos dois perfis encontrados pela reportagem um dia após a fuga. Ela não quis revelar seu nome por proteção.
“Em alguns momentos, atendi fugitivo. É impossível não reconhecê-los. Sempre estão nervosos, com pressa e machucados. Eles passam para comprar cigarro e salgadinho. Enfiam tudo em mochila bem rápido e saem, mas pagam. Sempre perguntam onde é o orelhão”, conta a comerciante.
Em razão disso, o medo a acompanha todo dia atrás do balcão, que é protegido por uma grade. A última vez que atendeu pessoas que deduziu serem fugitivos foi há três meses. “Fico nervosa. Não tem como avisar a polícia porque eles podem fazer algo comigo depois”, explica.
Para Jaime Amaral dos Santos, 33 anos, morador da Vila Macedo, também próxima ao complexo, o medo faz com que ele mantenha uma rotina quase de reclusão. Trabalha à noite. Durante a segunda-feira (16), manteve todas as portas e janelas trancadas. E pretende deixá-las assim no restante da semana. Santos seguiu a orientação de uma mensagem do aplicativo whatsapp que circula na cidade.
“Nunca sabemos o que pode acontecer. Mandaram mensagens pelo whatsapp pedindo para trancar tudo. Para a gente é normal ver muita viatura sempre”, explicou. Segundo ele, um dos problemas mais graves é o uso do trilho do trem, que corta a Avenida Brasília – uma das vias de acesso às penitenciárias.
A via do trem é usada por muitos moradores como rua de ligação entre a Vila Macedo e a região da entrada principal do complexo. Ali, muitos são assaltados. “Eles preferem andar ali que pegar o ônibus que vai até lá”, mencionou.
Parte dos moradores não se sente ameaçada
Contudo, parte dos moradores das vilas localizadas na região do complexo não se sente ameaçada.
É o caso da comerciante Sandra da Rocha, 50 anos, oito deles na Vila Militar. Ela recebe diariamente policiais militares e agentes penitenciários, que compram em seu mercado. Sandra conta que escuta muitos tiros e, na madrugada do último domingo, ouviu som da explosão do muro da PEP1. “Há muita patrulha nestas ocasiões. Nunca tive problema”, ressalta.
A reportagem ouviu declarações semelhantes de outros moradores. Eles alegam que, mesmo os fugitivos do complexo, não permanecem na região e saem das localidades para não ser encontrados. Por isso, não sentem medo.
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