Um em cada dez pacientes atendidos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Curitiba não provêm da capital paranaense, mas de cidades da Região Metropolitana. Esta migração contínua provoca um fluxo não programado às unidades concebidas para receber casos de urgência e emergência da população do próprio município e acaba sobrecarregando o sistema de saúde pública.
Em junho deste ano, por exemplo, as UPAs atenderam 9,5 mil pacientes que não residem em Curitiba, o que representa 9,9% do total dos pacientes no período. O número de procedimentos e consultas equivale à produtividade média de uma unidade da capital. Por isso, estima-se que o atendimento de moradores de outras cidades custe à capital cerca de R$ 1,8 milhão por mês o custo médio de manutenção da UPA do Boa Vista, incluindo médicos, funcionários, medicamentos e limpeza.
Ou seja, se Curitiba não recebesse pacientes de outras cidades, seria possível que o município mantivesse uma nova UPA. "A vinda sistemática de pessoas de outros municípios para as UPAs, sem processo de regulação e ou pactuação, cria uma grande demanda não programada, que acaba por superlotar as unidades e prejudicar o atendimento de todos", afirma o secretário de Saúde de Curitiba, Adriano Massuda.
A maior parte dos pacientes de outras cidades provém de Colombo em junho, foram mais de dois mil moradores deste município, o equivalente a 21,3% dos atendimentos externos. De Almirante Tamandaré, as UPAs de Curitiba receberam 971 pessoas no mês passado (10,2% do total). De Pinhais, foram 887 pacientes (9,3%). As unidades do Boa Vista, Cajuru e Campo Comprido são as que mais absorvem a demanda da região metropolitana.
Explicações
Entre as hipóteses apontadas por secretários de saúde para explicar porque tantos moradores de outras cidades procuram cuidados médicos de emergência em Curitiba, destacam-se dois pontos: a proximidade de alguns municípios em relação às UPAs da capital e a percepção de que os serviços prestados nas unidades curitibanas são de melhor qualidade.
"A gente possui várias pessoas que estudam e trabalham em Curitiba e vêm a Colombo apenas para dormir. O vínculo delas é com Curitiba. Por essa proximidade, acabam procurando atendimento lá [em Curitiba]. Ou então, a busca ocorre por uma percepção de uso, de que aquilo é melhor", avalia o secretário de Saúde de Colombo, Fernando de Andrade Aguilera.
Apesar disso, Aguilera defende a qualidade do sistema de saúde do município e ressalta que essa migração é normal e está dentro da pactuação dos municípios com o Serviço Único de Saúde (SUS). "O SUS é universal e qualquer pessoa pode acessar este serviço gratuitamente. Da mesma forma, a gente também atende pessoas de outros municípios. É preciso que a gente encare esse fenômeno com naturalidade e faça um encontro dessas contas", diz o secretário de Colombo.
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