A indústria das indenizações beneficiou na quinta-feira (5) um representante da "República de Ribeirão Preto". O polêmico economista Vladimir Poleto, ex-assessor do deputado Antonio Palocci Filho (PT-SP), ganhou indenização de 30 salários mínimos, a serem pagos em parcela única. Ele alegou que em 1985 deixou de receber uma promoção no Banco do Brasil, onde trabalhava, por ter participado de uma greve.
O benefício foi concedido a Poleto por unanimidade pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. A comissão é criticada por setores de direitos humanos por privilegiar pessoas influentes da política e deixar de lado, por exemplo, camponeses que sofreram tortura durante a repressão à Guerrilha do Araguaia, no Sul do Pará, de 1972 a 1975. Cerca de 160 pessoas que passaram pelas bases de Xambioá e Marabá durante os combates estão na fila.
"Temos dificuldade porque não temos condições de ir a Brasília defender os processos dos camponeses", disse Sezostrys Alves Costa, vice-presidente da Associação dos Torturados na Guerrilha do Araguaia. "A comissão deveria dar prioridade para os camponeses, que são pessoas pobres, na faixa de 70 anos e estão morrendo", completou. Neste ano, o governo anunciou que daria indenização a outros 40 camponeses que também sofreram tortura.
O novo anistiado Vladimir Poleto ganhou o noticiário em 2006 por ter alugado uma mansão em Brasília usada por lobistas. Na ocasião, o caseiro Francenildo Costa, em entrevista ao Estado, disse que o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, era um dos frequentadores da residência.
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