Entre bombeiros e centenas de curiosos, uma equipe de voluntários chama a atenção nas buscas por vítimas de deslizamento no Morro do Bumba, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Grupos vindos de outros estados chegaram à cidade com donativos e muita disposição para ajudar os desalojados e desabrigados.

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Na noite de quarta-feira (6), moradores do Morro do Bumba, no Cubango, foram atingidos por um deslizamento de terra. Cerca 50 casas teriam sido atingidas. O desabamento, considerado o maior da história de Niterói, segundo a prefeitura, já deixou 31 mortos e dezenas de feridos. Após vistoria, 60 imóveis foram interditados.

Enquanto equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil procuram por novas vítimas do desabamento, os voluntários fazem campanha para arrecadar alimentos, roupas, colchões e produtos de higiene. O engenheiro Paulo Roberto da Cunha, de 35 anos, e a esposa Maria Helena da Cunha, de 32, vieram de Belo Horizonte (MG) para prestar solidariedade.

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"Aproveitei que tenho parentes aqui em Niterói e decidi passar o fim de semana aqui na cidade. Trouxemos uma barraca e vamos ficar por aqui até o fim da noite de domingo. Meus filhos ficaram na casa da minha sogra e estamos pedindo aos moradores e para todo mundo que vem para cá para nos ajudar com o que puder", disse Paulo.

Com uma tenda montada em frente ao local do desabamento, um grupo de cerca de 20 pessoas da ONG Exército de Salvação distribui lanches, água e medicamentos às equipes de resgate. Além de voluntários do próprio estado do Rio, a ONG conta com uma equipe de nove pessoas que vieram de São Paulo. Todos com o mesmo propósito: ajudar.

Para o major Edgar Chagas, supervisor do Exército de Salvação no Rio, a campanha só vai terminar quando o último corpo for encontrado. Segundo ele, a ajuda da comunidade e de toda a população do estado é essencial para os desalojados e desabrigados da tragédia. Edgar afirmou que, se precisar, mais gente de outros estados chegarão para reforçar a campanha.

"Chegamos aqui nas primeiras horas de quinta-feira (8) e avaliamos a necessidade do pessoal e da tragédia. Nos deparamos com o caos e o nosso dever é fazer com que o sofrimento dessas pessoas não seja maior. Vi que precisava de ajuda e convoquei o pessoal de São Paulo, que chegou na manhã de sexta-feira", contou o supervisor.

Igrejas e escolas servem de abrigo Moradores da própria comunidade do Morro do Bumba também se juntaram a igrejas e escolas no apoio aos desabrigados. Em todas as instituições do bairro, o cenário era o mesmo: dezenas de famílias alojadas em tendas, colchonetes ou até mesmo em bancos. Enquanto esperam por notícias de parentes ainda desaparecidos, centenas de pessoas usam os abrigos como sua nova casa.

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"Meu filho estava na rua quando aconteceu o deslizamento. Eu, minha esposa e minha filha estávamos dentro de casa. Eu ouvi o barulho e corri para a escada. Levei um susto com aquela terra toda, eu corri, mas meu filho estava fora de casa e foi atingido, ainda não tenho notícias dele. A vontade que eu tenho é de subir o morro e cavar com as minhas mãos, mas eu preciso encontrar o meu filho", declarou Severino de Ramos Silva.

A Secretaria estadual de Saúde e Defesa Civil estima que ainda haja 150 corpos soterrados entre os escombros no Morro do Bumba. Trabalham no local 40 homens da Força Nacional, 90 bombeiros e cem policiais, dos batalhões de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, além da Companhia de Cães, do Batalhão Florestal, do Batalhão de Choque e do Batalhão de Operações Especiais (Bope).

A equipe é reforçada ainda por 24 operadores de máquina. Oito escavadeiras de grande porte e quatro retroescavadeiras estão sendo usadas na área do deslizamento. O prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira, decretou na quinta-feira (8) estado de calamidade pública e luto oficial de uma semana.