Jurandir Kaminski e Leandro Ditzel, do movimento Preserve Irati| Foto: Josué Teixeira/ Gazeta do Povo

Compensação

Empreendimento prevê reserva de 35 mil metros

Da área de 140 mil metros quadrados, uma reserva de pelo menos 35 mil metros quadrados será preservada, além do arroio, segundo o projeto da empresa Aurora Centennial, dona da área há 100 anos. Executivo da empresa, Carlos Branco diz que a documentação exigida foi encaminhada e as licenças foram emitidas. O empreendimento consiste em lotes residenciais e uma área para o município. Estão previstos 190 lotes, ruas e infraestrutura antes de se iniciar a comercialização dos terrenos.

Conforme Leandro Ditzel, do Movimento Preserva Irati, o loteamento pode agravar o risco de enchentes devido à redução da permeabilidade do solo. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, os conselhos municipais de Meio Ambiente e de Urbanismo se reuniram para avaliar o impacto do empreendimento, mas aguarda resposta de um parecer técnico enviado ao Instituto das Águas.

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Uma área de 140 mil metros quadrados no centro de Irati, cidade com 59,3 mil habitantes na região Centro-Sul do Paraná, está no meio de uma queda de braço entre voluntários do grupo Preserva Irati e a proprietária, que pretende construir um loteamento residencial no terreno. O projeto do empreendimento começou em 2010, mas parou neste ano por causa de manifestações do grupo, que pretende manter o lugar preservado.

Conhecida como Mata dos Gomes ou Mata do Arroio dos Pereiras, a área é circundada por residências, tem trilhas abertas pela própria população, um campinho de futebol e uma queda d’água do arroio. Segundo um dos integrantes do movimento, Leandro Ditzel, há cerca de 40 pés de araucárias no terreno, um remanescente de Mata Atlântica.

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O executivo da empresa Aurora Centennial S/A, Carlos Branco, cercou a área com arame farpado para protegê-la, pois neste ano houve um princípio de incêndio, registrado em boletim de ocorrência.

A área verde é usada há mais de 70 anos pelos iratienses. "Aqui era o terreiro da minha casa. Pegava pinhão do chão e sapecava. Tinha uma biquinha que eu e os meus amigos usávamos para tomar banho naquela água gelada", recorda-se um dos integrantes do movimento, Jurandir Fernando Kaminski, 74 anos.

Parque público

No temporal de junho, o arroio encheu e derrubou o muro de uma casa vizinha. Segundo alguns moradores, há pessoas que jogam lixo doméstico no local. A placa indicando a propriedade particular está pichada. Mesmo com o cercado, há moradores que usam a antiga trilha do terreno para ir do bairro Gomes ao Jardim Califórnia. A travessia nem sempre é segura porque há riscos de assaltos na mata fechada.

Conforme Ditzel, o movimento defende a compra do terreno pela prefeitura e a transformação do local num parque público. Segundo Kaminski, os próprios voluntários do movimento se dispõem a cuidar do novo espaço. A prefeitura informou não ter dinheiro para comprar o terreno, avaliado em cerca de R$ 10 milhões.

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O movimento conta com um abaixo-assinado com cerca de duas mil assinaturas e espera a posição do Ministério Público e do Instituto Am­biental do Paraná (IAP), já que as licenças para construção do empreendimento foram emitidas pela prefeitura desde 2010. O IAP emitiu as licenças prévia e de instalação porque o projeto está regular, segundo sua assessoria de imprensa. Como o movimento e o Conselho Municipal de Meio Ambiente se mobilizaram em junho, inclusive com uma audiência pública, o MP determinou a suspensão temporária da licença de instalação.