Discutir o que pode ser melhorado na mobilidade urbana e na qualidade do transporte oferecido no país é a premissa do guia "Mobilidade Inteligente", lançado pela Volvo ontem, em São Paulo.O principal sistema apresentado na publicação é o ônibus de trânsito rápido, o BRT (sigla em inglês), criado em Curitiba há 40 anos.
O presidente da Volvo Bus Latin America, Luis Carlos Pimenta, conta que a ideia do guia surgiu a partir das inúmeras visitas que a unidade da empresa no Paraná recebeu em razão do interesse no BRT. Numa fase piloto, a Volvo identificou 42 cidades brasileiras que poderiam desenvolver um sistema de BRT e organizou seminários para gestores e operadores de transporte para debater propostas de mobilidade. Depois, a empresa decidiu elaborar o guia, que ajuda a identificar quais são as necessidades dos municípios ou regiões para então incentivar a adoção de soluções.
"BRT não é ônibus, é sistema de transporte e se não for entendido assim, não atenderá às necessidades dos municípios", argumenta o especialista em mobilidade urbana da Volvo Bus Ayrton Amaral. Por isso, o guia aponta soluções que precisam ser trabalhadas em conjunto, como a capacidade de os ônibus alimentadores trazerem passageiros aos corredores de BRT.
O sistema apresenta características em comum, como pré-pagamento e embarque em nível, mas não existe um modelo padrão. "A prioridade é pensar no coletivo, mas não existem soluções standards. Cada cidade tem a sua necessidade, que implica em customização", pondera Pimenta.
Embora a implantação de um sistema seja mais complexa, Amaral acredita que a fase de amadurecimento do BRT é a oportunidade para rever a urbanização na cidade. Para ele, mesmo cidades com o modal consolidado, como Curitiba, podem se valer do guia. "Elucidamos conceitos para que as decisões sejam tomadas com mais informação e objetividade", diz. Um exemplo foi a dificuldade para ampliar a capacidade do sistema, com o Ligeirão. "É mais difícil porque não foi deixado previamente um espaço para ampliação, quando se faz o projeto, não se pensa tanto tempo a frente", avalia.
O guia aparece no momento em que grandes cidades, entre elas São Paulo e própria capital paranaense, estão revendo seus planos diretores. "Não consigo imaginar uma revisão sem discussão de transporte. Todas as cidades sofrem com inchaço de automóveis. A mobilidade é uma aspiração justa", analisa Pimenta.
A repórter viajou a convite da Volvo