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Painel

Vôo cego

Por meio de portaria cifrada no Diário Oficial que circulou nesta Quarta-Feira de Cinzas, o governo prorrogou pela segunda vez, agora por mais um mês, o prazo para um grupo interministerial propor mudanças no controle do espaço aéreo. Estão em jogo interesses de controladores, aeronautas e empresas aéreas, além de sugestões para "desmilitarizar" o setor. O grupo foi criado em novembro, durante "reunião emergencial" convocada por Lula na esteira da tragédia do avião da Gol e do caos nos aeroportos. Para o ministro Waldir Pires (Defesa), seria "a solução" para a crise. Temia-se, então, o colapso do sistema em dezembro, com as viagens de fim de ano. Passado o carnaval, a crise e o grupo de trabalho continuam no ar.

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Calendário – Um aliado explica por que, em seu entender, o presidente não deveria adiar demais o anúncio da reforma ministerial: "O Lula já tem um carnaval a menos para oferecer a quem ficar com ele. Agora são só três". Aquecimento – Não se sabe se Walfrido Mares Guia assumirá a coordenação política. Mas é fato que o titular do Turismo cumpriu para Lula, nos últimos dias, missões de sondagem com candidatos a uma vaga no novo ministério. Leitura de sinais – Ameaçado de perder Cidades para Marta Suplicy, o PP encontrou ânimo no fato de Lula ter agendado uma série de viagens com Márcio Fortes para inaugurar obras de saneamento no primeiro semestre. Xadrez – Antes de se fixar em José Temporão para a Saúde, Lula chegou a contemplar o nome do deputado gaúcho Osmar Terra, um dos que agora lhe são oferecidos pela bancada do PMDB na Câmara. Colocou a idéia de lado porque lhe disseram que seria encrenca certa com Olívio Dutra e outros petistas do estado.

Ser ou não ser – Nelson Jobim ficou de pensar, olhando para o mar de Angra dos Reis no feriado, se disputa com Michel Temer o comando do PMDB ou se aceita uma composição com o grupo que apóia o atual presidente, contrariando seus padrinhos José Sarney e Renan Calheiros. Água rolando – A despeito dos protestos de Evo Morales, Lula disse a aliados que terá em mãos, dentro de no máximo duas semanas, as licenças ambientais para a construção das hidrelétricas do rio Madeira, prioritárias no PAC. Os bolivianos alegam que o impacto da obra em seu país é maior do que prevê o Brasil.

Chumbo 1 – Em resposta a Hélio Bicudo, que em seu livro de memórias lamentou não ter investigado mais a CPEM, o advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula, diz que nunca foi proprietário da empresa e "lamenta mais ainda" não ter processado o ex-promotor em 1997. Chumbo 2 – "Se tivesse ido para a cadeia, que é seu lugar, Bicudo falaria menos mentiras para se promover à custa de quem tem reputação a zelar." Teixeira move ação contra Bicudo desde 2005.

Academia – Enquanto Lula não decide se Delfim Netto ganhará cargo no governo, o economista e ex-deputado está voltando para a USP, da qual é professor emérito. Ele fará uma série de seminários mensais, cujos textos serão depois lançados em livro. Nosso conselho – Os economistas Roberto Macedo, Francisco Luna, Gesner Oliveira e Carlos Américo Pacheco e o contabilista Iran Siqueira Lima formarão o Conselho de Administração da Nossa Caixa, presidido pelo secretário Mauro Ricardo (Fazenda). Figurino – Revista do Ministério do Desenvolvimento Agrário traz balanço de realizações do governo ilustrado com foto de agricultora do Paraná. Para os movimentos sociais, o problema é que a moça posou com boné da Federação da Agricultura do Estado, entidade dos fazendeiros.

TIROTEIO

* De Xico Graziano, secretário paulista de Recursos Hídricos e Meio Ambiente, sobre afirmação de José Rainha Júnior, líder do MST, de que resolveria "rápido" a reforma agrária se fosse ministro de Lula:

– Rápido como fogo de palha. E não sobraria nada para testemunhar o incêndio no campo.

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