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Dois anos do 8/1

“Vozes do 8 de Janeiro”: projeto de vídeos relata histórias dos presos do 8/1

Apresentados pela correspondente internacional Karina Michelin, os vídeos do projeto "Vozes do 8 de Janeiro" retratam arbitrariedades enfrentadas por envolvidos nos atos do 8/1
Apresentados pela correspondente internacional Karina Michelin, os vídeos do projeto "Vozes do 8 de Janeiro" retratam arbitrariedades enfrentadas por envolvidos nos atos do 8/1 (Foto: Reprodução/YouTube/Karina Michelin)

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“Estou com uma bomba-relógio no peito”, diz a correspondente internacional Karina Michelin ao interpretar, em primeira pessoa, a história de um dos presos nos atos do 8/1. “Não quero me tornar um mártir”, continua no vídeo, que integra um projeto intitulado “Vozes do 8 de Janeiro”. Os relatos audiovisuais começaram em novembro do ano passado e chegam esta semana ao décimo episódio.

De acordo com a jornalista Ana Maria Cemin, coordenadora da ação, o objetivo é divulgar histórias como a do vendedor de caldo de cana e pastor Jorge Luiz dos Santos –mineiro que segue preso há dois anos, apesar do diagnóstico de cardiopatia grave e de hemorroida tipo 4, que exige cirurgia.

Segundo ela, a Procuradoria-Geral da República (PGR) chegou a emitir parecer favorável para soltura do pastor em setembro do ano passado, mas o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou a liberdade devido a crimes cometidos por um homônimo, ou seja, uma pessoa com o mesmo nome de Jorge Luiz.

“O objetivo do projeto é mostrar vozes silenciadas como essa, pois os envolvidos no 8/1 são proibidos de falar nas mídias e de se defender publicamente”, aponta Ana Maria, que usa sua profissão para ouvir essas pessoas, suas famílias e advogados. “Essa é a função de um jornalista.”

Criadora do blog “Bureau de Comunicação”, Ana Maria tem publicado voluntariamente centenas de relatos dos envolvidos nos atos do 8/1 desde o início de 2023, mas a produção de vídeos só começou recentemente, após parceria com a analista geopolítica e influenciadora digital Karina Michelin, que mora na Itália e possui quase 650 mil seguidores que acompanham seu trabalho no Instagram, X e YouTube.

“Quando comecei a ler as histórias pensei que deveriam ter mais visibilidade e que não ficassem somente em uma página na internet”, conta Karina, ao afirmar que muitas dessas pessoas foram julgadas e condenadas sem direito ao contraditório e ao devido processo legal. Portanto, “dar voz a elas era o mínimo que eu poderia fazer para mostrar à população civil a outra face da moeda”.

Para isso, Ana Cemim começou a selecionar histórias publicadas em seu site e a mudar o formato do texto para a primeira pessoa, a fim de que Karina gravasse o relato como se fosse o próprio indivíduo contando sua história. “Depois, ela edita os vídeos lá em Milão, na Itália, onde reside.”

“Dói em mim”, diz jornalista

Ao todo, já foram publicadas nove relatos com fotos, vídeos e detalhes apurados pela jornalista. “E o décimo episódio deve ser lançado em breve”, adianta Cemin, que contará o drama de Lucas Yuki de Melo, um influenciador digital de 22 anos que esteve presente nos atos do 8/1 e teve mandado de prisão expedido contra ele por conta disso. Yuki decidiu deixar tudo para trás e vivenciou os piores momentos de sua vida para sair do Brasil e evitar a prisão.

“É um menino em fuga há dois anos, enfrentando o mundo”, relata Ana. “Chegou, inclusive, a ser preso e torturado na Colômbia”, continua, ao falar da dor que ela sente ao se deparar com situações como essa. “Para escrever o roteiro eu preciso mergulhar na história da pessoa e, por empatia, sofro junto, então já dói em mim, antes mesmo de o vídeo ser publicado”, diz.

Apesar do sofrimento emocional, Ana segue realizando o trabalho para que mais pessoas tenham acesso às informações. “Afinal, qual é a função do jornalista? Fazer pensar”, garante Ana, pontuando que isso permite às pessoas decidirem seu futuro por meio do conhecimento.

Como assistir aos vídeos do projeto Vozes do 8 de Janeiro?

Os episódios do projeto têm cerca de oito minutos de duração e estão disponíveis gratuitamente no Instagram “Vozes do 8 de Janeiro”, no YouTube, nas redes sociais da jornalista Ana Cemin e da influenciadora Karina Michelin, e também no site Bureau de Comunicação.

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