O YouTube suspendeu, na última segunda-feira (27), as atividades do canal oficial da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) na plataforma. A suspensão tem o prazo de sete dias e ocorreu após o deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos) exibir trechos do documentário "Lockdown, uma história de desinformação e poder" durante uma audiência pública. O YouTube suspendeu o canal após considerar que a Alesp divulgou informações médicas incorretas sobre a Covid.
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O canal da Alesp continua no ar, mas sem permissão de publicar ou transmitir as sessões legislativas até a próxima semana. A Gazeta do Povo entrou em contato com a assessoria da Assembleia que informou que "já solicitou ao Youtube a reconsideração da medida".
Em nota, a Alesp confirmou que: "o Youtube suspendeu, por sete dias, o canal da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, em razão de uma violação das diretrizes da comunidade. A alegação foi de "informações médicas incorretas" repassadas durante uma atividade parlamentar organizada pelo deputado Douglas Garcia (Republicanos) na segunda-feira (27/06), que tratou da pandemia da Covid-19 e lockdown."
Em um vídeo publicado nas redes sociais, o deputado Douglas Garcia informou que a Alesp já havia recebido uma notificação para que não fosse publicado no canal do YouTube conteúdos relacionados à questão da vacina. “O documentário exibido aqui na Assembleia nem sequer cita a palavra vacina ou anti-vacina”, explicou.
Em nota enviada à Gazeta do Povo, Garcia lamentou o que considera ser "censura" por parte do YouTube e disse que "não é a primeira vez que isso acontece". Segundo o parlamentar, "até audiências públicas - cuja natureza é dar voz ao povom para que fale livremente diante dos parlamentares - já sofreram censuras por parte da plataforma."
O parlamentar informou também que apresentou um requerimento na Comissão do Direito do Consumidor da Alesp para que os representantes do YouTube esclareçam o que motivou o bloqueio do canal. A proposta está na pauta de votação da comissão prevista para essa quinta-feira (30).
O documentário
Os trechos transmitidos na sessão que foi excluída do canal da Alesp são do documentário "Lockdown: Uma História de Desinformação e Poder", do cineasta Ian Madonado. O trailer do conteúdo, que faz críticas ao lockdown e ao uso de máscara, ainda está disponível no YouTube.
Lançado no ano passado, o documentário estava pronto pra ser publicado na íntegra no YouTube, mas a plataforma apagou o conteúdo e alegou que "continha informações médicas incorretas". Na época, Madonado conversou com a jornalista Cristina Graeml, colunista da Gazeta do Povo, sobre a "censura prévia" ao documentário. Na visão de Maldonado, o bloqueio é prova de que os algoritmos da plataforma estão programados para apagar vídeos automaticamente com base apenas em palavras-chave, sem qualquer checagem de conteúdo.
Posicionamento do YouTube
Em nota enviada à Gazeta do Povo, a plataforma informou que "todos os conteúdos no YouTube precisam seguir nossas Diretrizes de Comunidade. Além de uma combinação de inteligência de máquina e revisores humanos, também contamos com denúncias de usuários para identificar materiais com conteúdo suspeito e manter a comunidade da plataforma segura".
Entre os temas passíveis de análise pela plataforma estão "bullying, assédio virtual, discurso de ódio, spam, práticas enganosas e também desinformação médica sobre a COVID-19 e desinformação eleitoral".
A plataforma também ainda informou que "qualquer pessoa pode denunciar conteúdos que acredite que esteja em desacordo com as nossas regras e, se a equipe de análise identificar violações às diretrizes da comunidade, o vídeo será removido e o canal penalizado, de acordo com a nossa política de avisos".
O YouTube ainda informou à Gazeta do Povo que o caso da Alesp está sob análise.
Outro casos
Em julho do ano passado, o Youtube removeu vídeos do canal do presidente Jair Bolsonaro (PL) e bloqueou as transmissões ao vivo por um período. Na época, a plataforma informou que os conteúdos foram bloqueados por violar as políticas de informações sobre a Covid-19 que apresentavam "sérios riscos de dados significativos".
O jornalista paranaense Fernando Beteti, conhecido no YouTube como "o seu repórter saúde", também passou pela mesma situação e teve o canal bloqueado na plataforma.
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