O YouTube decidiu desmonetizar, nesta quarta-feira (22), todos os canais do grupo Jovem Pan por considerar que o veículo divulgou "desinformação eleitoral". A decisão de impedir que o grupo gere receitas na plataforma foi tomada sem pedido judicial. Após o resultado final das eleições no Brasil, o YouTube atualizou a Política de Integridade Eleitoral e anunciou que iria retirar conteúdos que questionassem os resultados das eleições de 2014, 2018 e 2022.
"O canal Os Pingos nos Is incorreu em repetidas violações das nossas políticas contra desinformação em eleições e nossas diretrizes de conteúdo adequado para publicidade, incluindo as relacionadas a questões polêmicas e eventos sensíveis, atos perigosos ou nocivos, além de outras políticas de monetização. Desta forma, suspendemos a monetização do respectivo canal e dos outros que integram a rede Jovem Pan no YouTube, de acordo com nossas regras", informou a assessoria do YouTube.
>> Faça parte do canal de Vida e Cidadania no Telegram
A discussão sobre a legalidade da remoção arbitrária de conteúdos e a desmonetização de canais pelas redes sociais é antiga e foi alvo de uma Medida Provisória do governo de Jair Bolsonaro, enviada ao Congresso Nacional, em setembro de 2021, mas que acabou não sendo aprovada. O texto tentava impedir que as próprias empresas realizassem censura a cidadãos comuns e à imprensa, ou prejudicasse seus meios de viabilidade econômica, com a justificativa genérica de combate à desinformação, sem mediação judicial.
De acordo com a plataforma, a Jovem Pan tem 30 dias para contestar a desmonetização apresentando argumentos sobre os conteúdos publicados que possivelmente tenham violado as diretrizes do YouTube. Após a contestação, a rede não determina prazo para uma nova decisão. A Gazeta do Povo entrou em contato com a Jovem Pan, mas até o momento não obteve o retorno.
Repercussão da desmonetização
Enquanto apoiadores da esquerda comemoram a decisão do Youtube contra o canal da Jovem Pan pelas redes sociais, juristas temem o direito à liberdade de imprensa e expressão de um meio de comunicação.
Para o jurista Fabrício Rebelo, a desmonetização "trata-se de mais uma prova da parcialidade das big tech ao restringirem a abordagem de determinadas questões, mesmo com enfoque jornalístico". Rebelo questionou a punição dada pela plataforma "ao mero fato de noticiar que dúvidas foram suscitadas" em relação ao pleito eleitoral.
"Uma grande dúvida que fica é o que credencia o YouTube a proibir que se questione um procedimento eleitoral. Que tipo de democracia existe quando seus próprios mecanismos não podem ser questionados?", disse Rebelo.
Por outro lado, o jurista destacou que por ser uma empresa privada, o YouTube tem o direito de estabelecer suas próprias diretrizes. Mas para a decisão contra a Jovem Pan, Rebelo disse que a empresa deveria "comprovar a existência de uma discriminação ideológica no próprio programa de parceria da plataforma".
"Talvez isso sirva bem a demonstrar a necessidade de se encontrar alternativas tecnológicas para a liberdade de expressão", complementou o jurista.
- Alexandre de Moraes obriga Jovem Pan a informar que Lula é inocente
- Das fake news ao “crime de opinião”: os riscos de cercear a liberdade de expressão
- YouTube vai retirar conteúdos que contestem resultados das eleições de 2014, 2018 e 2022
- YouTube apaga entrevista de médica à Gazeta do Povo sobre tratamento precoce
O que explica o rombo histórico das estatais no governo Lula
Brasil cita surpresa com tom ofensivo de post da Venezeula e critica opção por ataques pessoais
Governo Lula corre para tentar aprovar mercado de carbono antes da COP-29
Sleeping Giants e Felipe Neto beneficiados por dinheiro americano; assista ao Sem Rodeios
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora
Deixe sua opinião