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A participação do presidente Jair Bolsonaro (PL) no podcast Flow, na segunda-feira (8), não foi incluída pelo YouTube em sua seção “Em alta”, que lista vídeos com muitas visualizações recentes.
A entrevista teve mais de 10 milhões de visualizações em um intervalo de menos de dois dias. Dois critérios importantes para ingressar nos vídeos “Em alta” são justamente ter um alto número de visualizações e crescer rapidamente.
Por exemplo, o vídeo do canal Felipe Neto “DESAFIO - ADIVINHE A IDADE DOS INFLUENCIADORES BR”, de terça-feira (9), que teve 944 mil visualizações até a tarde desta quarta-feira (10), integrou a seção “Em Alta”. O vídeo “O SHOW MAIS CARO DE ANITTA”, do canal “Cortes PODDELAS OFICIAL”, foi publicado no mesmo dia, e suas 93 mil visualizações até a tarde da quarta bastaram para que ele também fosse incluído na seção.
Usuários também apontaram que o vídeo não aparece entre os primeiros lugares em uma pesquisa por “Bolsonaro Flow” no mecanismo de busca do YouTube. A reportagem da Gazeta do Povo fez a busca por esses termos na terça (9) e confirmou o que os usuários apontavam. Na tarde desta quarta (10), a entrevista passou a aparecer logo depois da seção “Principais notícias”, que traz vídeos de comentários jornalísticos relacionados à entrevista.
Para efeito de comparação, uma pesquisa por “Lula Podpah” dá como primeiro resultado a entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no podcast Podpah, ocorrida oito meses atrás. A seção “Principais notícias” aparece depois desse resultado.
Uma fonte do Palácio do Planalto ouvida pela reportagem revelou que, em uma conversa do Executivo com a equipe do YouTube, a justificativa apresentada pela plataforma foi a de que a falha na busca poderia ter sido consequência de “um bug”.
O que diz o YouTube?
Em sua explicação sobre o que determina se um vídeo é classificado como "Em alta”, a Google, empresa dona do YouTube, afirma que o objetivo da seção é dar destaque a vídeos que “atraem uma grande variedade de espectadores”, não são “enganosos, sensacionalistas ou indutores de cliques”, transmitem “a amplitude do que acontece no YouTube e no mundo” e são “surpreendentes ou novos”.
Os sinais levados em conta para avaliar se um vídeo deve ou não ser incluído na seção são, segundo a Google, o número de visualizações, a velocidade com que o vídeo gera visualizações, a origem das visualizações, há quanto tempo o vídeo foi enviado e “o desempenho do vídeo comparado a outros envios recentes do mesmo canal”.
A Gazeta do Povo questionou a plataforma sobre por que o vídeo de Bolsonaro no Flow não foi incluído na seção “Em alta”, já que cumpria, aparentemente, esses critérios, e sobre por que a busca por “Bolsonaro Flow” não coloca a entrevista em primeiro lugar entre os resultados. Até o momento da publicação desta reportagem, a Google não havia respondido. O texto será atualizado em caso de resposta.