A espera é companheira fiel das mulheres que fazem tratamento para engravidar e, embora a evolução da medicina tenha ajudado a reduzir esse tempo, um novo fator tem levado ao adiamento do sonho de alguns casais que planejam o nascimento de um filho: o zika vírus. Com medo de contrair a doença - que tem sido relacionada a um surto de microcefalia em bebês - e engravidar, pacientes em processo de fertilização têm optado por congelar os embriões e mudar os planos em relação à maternidade.
Estados com mais casos suspeitos de microcefalia
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Na clínica Origen-Centro de Medicina reprodutiva, na Barra da Tijuca, cerca de 70% das pacientes decidiram esperar para fazer a implantação do embrião no útero.
“A todo momento, as pacientes me questionam sobre o zika. Já cancelei várias transferências de embrião. Não sabemos o que vai acontecer, nem se essa epidemia vai vir para o Rio, mas o medo é constante. Quem pode esperar, a gente orienta que postergue”, afirmou o médico que coordena a clínica, Rodolfo Salvato. Segundo ele, as pacientes estão adiando a transferência do embrião para a partir de março de 2016.
A orientação é diferente em outra clínica do Rio. Na Primordia-Medicina Reprodutiva, o médico Marcio Coslovsky recebe ligações diárias de pacientes preocupadas com a futura gravidez, e ele diz que não há motivos para adiar o processo.
“Elas têm me perguntado muito, me ligam o dia todo. Todas já me questionaram sobre o assunto. Não vemos no Rio uma indicação forte para interromper o tratamento”, afirmou.
De acordo com o médico, o quadro ainda é muito incerto para justificar atitudes extremas como a mudança de datas. “Quem garante que o quadro vai piorar? Ou que vai melhorar a situação? Não vemos motivos para que as grávidas fiquem em pânico no Rio”, afirmou Coslovsky. “Nossa indicação é que elas coloquem em prática os meios de prevenção recomendados, como o uso de repelente e telas”.
Não satisfeita em cumprir apenas as medidas de prevenção recomendadas, a paciente Mariana, de 33 anos, decidiu tomar uma decisão mais radical. Grávida de 5 semanas, após fazer um tratamento de fertilização, ela embarcará para a casa do irmão, nos Estados Unidos, no próximo dia 22. A ideia é ficar por lá, pelo menos, até março de 2016 e fugir do Aedes aegypti.
“O negócio explodiu quando eu já tinha feito a inseminação, e antes de saber o resultado da gravidez comecei a ficar muito nervosa. Fiz o teste na segunda e, no sábado, já estava me enchendo de repelente. A casa está toda com tela. Graças a Deus a gente tem essa oportunidade de ir para os Estados Unidos”, disse ela.
A empresária conta que quase não tem saído de casa para evitar a exposição ao mosquito, e fala da dificuldade para conseguir comprar repelente. “Mal saio de casa. Passo repelente ao acordar e para dormir. O produto mais específico nenhuma farmácia tem. Entramos numa lista de espera e, mesmo assim, só pude comprar dois”.
Ela conta, ainda, que pode estender sua permanência nos EUA de acordo com o aumento no número de casos de zika no país. “O medo é que aconteça algo grave com esse bebê que esperamos há tanto tempo. Estou pensando em estender a viagem ao máximo. É apavorante, uma sensação de desespero”, disse.
Para especialistas, o risco de o feto desenvolver microcefalia é maior quando a mãe contrai a doença no primeiro trimestre da gravidez. De acordo com eles, no entanto, é importante ressaltar que nem todas as grávidas que têm zika apresentarão complicações no pós-parto.
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