Aparentemente inofensivo, o vírus zika se tem revelado mais problemático do que o imaginado. Primo da dengue e da chikungunya, ele é o principal suspeito de ter causado o aumento no número de casos de bebês com microcefalia (má formação da cabeça) registrado em alguns estados do Nordeste – especialmente Pernambuco –, o que levou o Ministério da Saúde a colocar o país em alerta sanitário. Agora, pesquisadores e médicos estão empenhados em descobrir como o zika atua no organismo e as possíveis consequências.
Veja infográfico explicativo sobre o contágio
“Estamos aprendendo sobre o zika em tempo real. Como não foram muitos casos de surto, são raros os estudos sobre o vírus”, diz a virologista Cláudia Nunes dos Santos, chefe do Laboratório de Virologia Molecular da Fiocruz no Paraná. Foi o laboratório comandado por Cláudia que confirmou a presença do zika no Brasil em maio deste ano. O mais provável é que o vírus tenha chegado ao país em 214, trazido por turistas que vieram acompanhar a Copa.
Transmitido pelo mesmo vetor da dengue, encontrou no Brasil um lugar ideal para se espalhar. Um grande número de casos foi registrado no Nordeste, mas também há relatos em outras regiões. No Paraná, até agora, foram dois casos autóctones e outros cinco importados.
Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, em todas as situações foram tomadas providências para evitar que o doente se tornasse um foco para a transmissão do vírus. “Foram feitas ações de bloqueio, com busca ativa para a identificação e eliminação dos criadouros do mosquito ”, explica a chefe do Centro de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde do Paraná, Ivana Lúcia Belmonte.
Limitações causadas por microcefalia dependem do grau da má formação
Embora ainda não seja definitivo, as investigações encabeçadas pelo Ministério da Saúde indicam que existe uma relação entre a contaminação da gestante pelo vírus zika e o aumento no número de casos de microcefalia registrado em estados do Nordeste neste ano.
Leia a matéria completaAcabar com o mosquito
Esse bloqueio é a única forma de evitar que a pessoa infectada seja picada pelo mosquito transmissor e o vírus acabe se espalhando. Um problema com a estratégia, porém, é que a maior parte das pessoas que têm contato com o zika não apresenta sintomas. Ou seja, pode ser um foco de transmissão, mas não apresentar qualquer sinal que indique o risco.
Por isso, é tão importante combater o mosquito Aedes aegypti. “A principal ação ainda é o combate ao vetor. É muito importante que as pessoas verifiquem as suas casas e eliminem os pontos que podem servir de criadouro do mosquito”, diz Ivana.
As chuvas e o calor típicos do verão são ideias para a proliferação do mosquito. O último boletim de alerta Climático da Dengue do Laboratório de Climatologia da UFPR, referente a 8 a 14 de novembro, mostra que sete cidades estavam todas no Oeste e no Norte – tinham risco alto para a proliferação do mosquito.
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