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Saúde

Zumbido afeta 17% da população mundial

Você está dormindo e de repente tem o sono interrompido por aquele barulhinho chato de um mosquito perto do ouvido. Mesmo que dure apenas alguns segundos, o som é suficientemente irritante para acordar qualquer pessoa. Agora imagine a angústia de ter de conviver com um zumbido permanente. Parece desesperador, entretanto, o zumbido no ouvido é mais comum do que se imagina. Estima-se que 17% da população mundial sofra com essa perturbação.

Em Curitiba, existe até um grupo de apoio a pessoas com zumbido, o GAPZ. Há dois anos, o grupo promove reuniões mensais no Hospital das Clínicas da UFPR para discussões e troca de experiências sobre o problema. De acordo com a médica otorrinolaringologista e coordenadora do GAPZ, Rita Mendes, o zumbido não é doença, é na verdade um sintoma que se caracteriza pela percepção do som quando não há nenhum ruído presente.

Embora na maioria das vezes não esteja relacionado a doenças graves, o zumbido acaba tendo uma grande interferência na qualidade de vida do indivíduo e de sua família. Estima-se que 2% dos pacientes tenham sintomas graves e 0,5% apresentem prejuízo importante nas atividades diárias. Em alguns casos, o paciente pode ter dificuldade para dormir, para se concentrar e para se relacionar com outras pessoas. Muitas vezes confundido com sintomas de loucura, faz com que ele se sinta deslocado, solitário e por conseqüência deprimido.

De acordo com Rita, o som ouvido varia muito, pode ser um chiado, um apito, barulho de chuveiro, de cachoeira, de concha, de cigarra, do escape da panela de pressão, de campainha, entre outros. Além disso, pode ocorrer em diferentes graus e ser tanto contínuo como intermitente.

Segundo a médica, apesar de bastante freqüente, as causas do problema ainda não foram totalmente esclarecidas. Sabe-se que o zumbido indica algum defeito no sistema de audição e geralmente está associado com perda auditiva. Entretanto, algumas pessoas que se queixam do sintoma podem ter a audição completamente normal.

Por estar relacionado ao envelhecimento auditivo, o problema é mais comum em idosos e em pessoas que ao longo da vida estiveram expostas a ruídos intensos. Barulhos muito altos podem destruir as células do ouvido interno, que são responsáveis pela audição. Essas células não são renovadas e podem provocar o zumbido. Certos medicamentos (aspirina, por exemplo), álcool, nicotina e cafeína também podem acentuar o zumbido.

Mendes lembra que uma vez que as causas são diversas, é preciso que o paciente passe por uma investigação multidisciplinar até que seja descoberta a origem do incômodo. O primeiro passo está em consultar um otorrinolaringologista. Caso o problema não esteja relacionado ao ouvido, outros especilistas devem ser consultados. De acordo com a fisioterapeuta Vivian Pasqualin, também do GAPZ, algumas pessoas podem apresentar zumbido pela presença de pontos dolorosos e endurecidos na musculatura da região do pescoço e da cabeça. "A fisioterapia atua ‘desativando’ esses pontos", explica.

O zumbido também pode ter origem em incorreções ortodônticas, principalmente ligadas a articulação temporomandibular e a oclusão dental. De acordo com o especialista em ortodontia e ortopedia facial, Gerson Kohler, algumas contrações musculares da região de cabeça e pescoço podem ser indevidamente interpretadas pela córtex cerebral e gerar a sensação de zumbido. "Pessoas que sofrem de bruxismo e apertam demais os dentes podem ter o sintoma", explica.

Algumas doenças circulatórias também podem ter ligação com o problema. Aproximadamente 3% dos pacientes apresentam o chamado "zumbido pulsátil", ou seja, ouvem um barulho com ritmo de pulsação, o que pode indicar a presença de doença nos vasos sanguíneos.

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