O primeiro projeto que a presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) se propôs a tirar do papel a reforma política não será nada fácil de colocar em prática. Além da resistência do PMDB e da oposição tradicional ao PT, o tema serviu para unir dez partidos nanicos que se uniram para barrar a discussão do assunto. O grupo intitulado G-10 (formado por PTN, PHS, PSL, PSDC, PRTB, PMN, PTC, PRP, PEN e PTdoB) teme que, caso o assunto entre em votação, seja aprovada a chamada cláusula de barreira (ou de desempenho), que impediria siglas com pouca votação na maioria dos estados de ter deputados.
O G-10 conta com 24 parlamentares eleitos e pretende fazer oposição a Dilma. O grupo também está negociando com dois partidos Pros (com 11 deputados eleitos) e PRB (21) para aumentar seu poder de barganha na Câmara. Se a união entre o G-10 e as outras duas siglas vingar, terão um agrupamento com 56 representantes dois a mais que o PSDB, que em 2015 terá bancada de 54 deputados.
Tempo de tevê
Além de impedir a aprovação da cláusula de barreira, os nanicos também querem uma divisão de tempo de rádio e tevê mais igualitária em relação aos grandes partidos. E também reivindicam uma participação maior no Fundo Partidário propostas que enfrentam a oposição do PT e do PSDB, por exemplo.
"Os dois candidatos a presidente [Dilma e Aécio Neves] têm interesse em fazer uma reforma que prejudique os pequenos. Nossa união é nossa força", disse a deputada federal eleita, Renata de Abreu (PTN-SP), cuja legenda fez uma bancada de quatro parlamentares. "A cláusula de desempenho é injusta e não é democrática. O Fundo Partidário privilegia os grandes partidos, assim como o tempo de tevê. É muito difícil essa regra eleitoral. É uma falsa democracia."
Para o presidente nacional do PRP, Ovasco Altimari, a união entre os 10 partidos nanicos lhes dará melhores condições para entrar no debate. "Como pode ter democracia se as ferramentas não são iguais? Um país com a diversidade do Brasil não pode ficar apenas com quatro ou cinco partidos."
Favorável à reforma política, o presidente do PHS, Eduardo Machado e Silva, afirmou que a discussão sobre o assunto não pode ficar restrita à cláusula de barreiras.
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