Passados 100 dias das novas gestões à frente das principais prefeituras do Paraná, o discurso predominante foram os problemas de caixa diante de dívidas milionárias herdadas dos antecessores. Na tentativa dos novos prefeitos de colocar as contas em ordem, marcaram esse período a decretação de moratórias e protestos de servidores com salários atrasados. Para a população, sobraram medidas impopulares, desde o aumento de impostos até a redução de atendimentos em postos de saúde.
Em Londrina, maior cidade do interior, o prefeito Alexandre Kireeff (PSD) cortou despesas para evitar um déficit de R$ 70 milhões no primeiro ano de gestão. Para isso, porém, aumentou a passagem de ônibus e o valor do ISS. Em contrapartida, trouxe relativa calmaria ao cenário político da cidade, marcado por cassações e renúncias na gestão anterior.
Os mesmos problemas financeiros tiveram destaque em Foz do Iguaçu e Paranaguá. Em Foz, Reni Pereira (PSB) estima que a dívida do município chegue a R$ 63 milhões. Por isso, estendeu a moratória inicial de 90 dias até 18 de maio. Na cidade do litoral do estado, o peemedebista Mário Roque fala em R$ 160 milhões de dívidas, o que deixou o município com lixo acumulado nas ruas e falta de médicos nos postos de saúde.
Já em Cascavel, o prefeito reeleito Edgar Bueno (PDT), que está afastado do cargo por problemas de saúde, enfrenta problemas de caixa criados por ele mesmo. Isso porque o município extrapolou o limite prudencial de gastos com a folha de pagamento e, entre outras medidas para contornar a situação, houve redução no horário de funcionamento de vários postos de saúde.
Veja a seguir destaques dos 100 primeiros dias das novas administrações dos seis principais colégios eleitorais do interior do estado:Paranaguá
Em Paranaguá, no litoral do estado, o prefeito Mário Roque (PMDB) optou, primeiramente, por pagar as contas. Os primeiros 100 dias foram marcados por manifestações de professores que não receberam as férias do ano passado e por cobranças de comissionados que não haviam recebido os direitos trabalhistas referentes à gestão anterior. De acordo com informações da prefeitura, no mês de abril todas essas contas devem ser quitadas. O valor é superior a R$ 1,5 milhão.
Na prática, Roque está "apagando incêndios" e ainda não conseguiu resolver situações que prejudicam o dia a dia dos parnanguaras. O lixo acumulado na frente das casas por problemas na coleta, a falta de médicos nos postos de saúde 24 horas e a rescisão de contratos de programas como o aluguel social são alguns dos imbróglios enfrentados pelo atual prefeito.Maringá
Ao contrário de outras cidades do Paraná, o prefeito de Maringá, Carlos Pupin (PP), assumiu uma prefeitura com a qual já estava familiarizado e sem causar rupturas na administração. Ele, inclusive, manteve vários secretários que trabalharam nas gestões de seu antecessor, Silvio Barros (PP), de quem foi vice-prefeito por oito anos.
Em pouco mais de três meses, Pupin centrou foco na segurança, saúde e mobilidade urbana, setores considerados prioritários pela população. O prefeito também deu continuidade a projetos iniciados na administração passada, entre eles, a criação da Cidade Industrial e do Tecnoparque, que prevê a instalação de 400 empresas na cidade do Norte do estado.
Por outro lado, a administração municipal tem sido alvo de críticas da oposição pelo número de cargos comissionados (294), considerado excessivo na comparação com cidades de porte semelhante.Londrina
Os primeiros 100 dias de Alexandre Kireeff (PSD) à frente da prefeitura de Londrina, no Norte do estado, foram de contingenciamento orçamentário, na tentativa de equilibrar as contas e evitar um déficit de R$ 70 milhões no primeiro ano de gestão. Para o cidadão comum, no entanto, isso resultou no aumento da tarifa do transporte coletivo de R$ 2,20 para R$ 2,45, diante do corte em parte do subsídio repassado às concessionárias.
Com o objetivo de recuperar R$ 20 milhões para os cofres municipais, o prefeito anunciou a inclusão de devedores de impostos em uma lista de inadimplentes e a instalação de uma central telefônica de cobrança na Secretaria de Fazenda. Outra medida será o reajuste de 20% no ISS.
No plano político, houve uma administração marcada pela estabilidade -- inédita nos últimos quatro anos, quando a cidade passou pela cassação de um prefeito e pela renúncia de outro. A falta de estabilidade nos anos anteriores, porém, teve efeitos no início da gestão Kireeff, que conseguiu avançar pouco na solução de problemas práticos em áreas como saúde e educação.Cascavel
Os primeiros 100 dias de administração em Cascavel, no Oeste, foram de contenção de despesas em função de a prefeitura ter excedido o limite prudencial de gastos com a folha de pagamento. Para colocar em dia as finanças, o prefeito reeleito Edgar Bueno (PDT), que atualmente se encontra afastado para tratamento de saúde, cortou pela metade o próprio salário, do vice e dos secretários. Em contrapartida, houve redução do atendimento nos postos de saúde e praticamente metade das secretarias está sem titular.
Segundo a prefeitura, as medidas, que podem ser estendidas até junho, permitiram uma economia de R$ 3 milhões mensais com pessoal. O objetivo é devolver o índice de gastos com a folha de pagamento para abaixo do limite prudencial estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, que é de 51,3% da receita corrente líquida. Cascavel atingiu 53,2% e se aproximou do teto máximo, fixado em 54%.
"Tivemos que tomar medidas e decisões duras e até impopulares nesse período, mas absolutamente necessárias ao uso eficaz do dinheiro público", afirmou o prefeito interino, Maurício Theodoro (PSDB).Foz do Iguaçu
A falta de dinheiro em caixa e a necessidade de pagar dívidas marcaram o discurso do prefeito de Foz do Iguaçu, Reni Pereira (PSB), até aqui. Para tentar contornar a situação, ele prorrogou até o dia 18 de maio a moratória de 90 dias decretada logo que assumiu o posto. Segundo ele, a dívida chega a R$ 63 milhões. De acordo com Reni, os recursos arrecadados este ano foram suficientes para saldar R$ 20 milhões desses débitos, dos quais R$ 18 milhões relativos aos salários de dezembro dos servidores.
O valor da dívida, porém, é contestado pela gestão anterior e tornou-se alvo de investigação. Técnicos do Tribunal de Contas do Estado (TC) devem divulgar nas próximas semanas um relatório sobre a contabilidade da prefeitura.
Além de compromissos financeiros com fornecedores, o município tem uma dívida acumulada com a Foz Previdência, que chega a R$ 6,3 milhões. Ponta Grossa
Confiante ao falar dos primeiros 100 dias como prefeito de Ponta Grossa (Campos Gerais), Marcelo Rangel (PPS) sustenta que não houve "nada de negativo" até agora em seu governo. Nesse período, porém, ele e sua equipe foram pivôs de discussões acaloradas e cobranças na Câmara de Vereadores.
Um dos momentos mais tensos se deu em virtude de uma proposta do Executivo que reajustou o salário dos servidores em 10% e criou 94 cargos comissionados. O líder da oposição, vereador Pietro Arnaud (PTB), lamenta o episódio, mas reconhece alguns pontos positivos do atual governo. Na questão do Transporte Coletivo, segundo ele, o prefeito tomou uma atitude correta ao anular a renovação do contrato com a única empresa que presta o serviço na cidade.
Arnaud aponta ainda a importância da audiência pública sobre o tema, a primeira em mais de dez anos.
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