Em 2008, Beto Richa chegou para votar pilotando sua moto Harley-Davidson| Foto: Arquivo/ Gazeta do Povo
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Beto Richa, candidato à reeleição, recebeu o apoio do senador Aécio Neves (PSDB) e do governador de São Paulo à época, José Serra (PSDB), que vieram a Curitiba
2º lugar com 18% dos votos: O principal cabo eleitoral de Gleisi Hoffmann era o então presidente Lula, que também veio à capital paranaense fazer campanha
O PT de Gleisi, Paulo Bernardo (à esq.) e Tadeu Veneri (ao centro, de cinza) teve o apoio do PSC de Ratinho Jr. em 2008
3º lugar: Carlos Moreira Júnior (PMDB) priorizava a campanha na região central de Curitiba, onde fica a sede da UFPR, da qual ele foi reitor
O candidato do PV à prefeitura, Maurício Furtado, ficou muito satisfeito em ficar em quarto lugar na eleição, atrás apenas de Richa, Gleisi e Moreira
Gomyde (PCdoB): 5º lugar. Ricardo Gomyde, do PCdoB, apresentou uma plataforma política centrada na juventude e na prática de esportes
Camargo (PTB): 6º colocado. O deputado estadual Fábio Camargo, com os filhos na cabine de votação, dizia que era preciso priorizar os bairros periféricos
Meirinho (PSol): penúltimo. O mais jovem candidato, Bruno Meirinho (PSol) focava o plano de governo na solução dos problemas do déficit da habitação
Rodrigues (PTdoB): 888 votos. Lauro Rodrigues, o candidato que
Beto Richa foi reeleito prefeito de Curitiba por 7778.514 curitibanos, o que representou 77,27% dos votos válidos, um recorde na história da cidade
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Enquanto o mundo vivia um colapso financeiro ao longo de 2008, na pior crise desde a Grande Depressão (1929), o então prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), pilotava em rotas tranquilas. Sua gestão era bem avaliada por 79% dos curitibanos, segundo pes­quisa Datafolha da época. A popularidade e a falta de concorrentes de peso moldaram um caminho fácil para ele conseguir a reeleição. Mas Richa não foi o único. Em 2008, após anos de pujança mundial – que mais tarde resultaria em caos – a sensação de bem-estar ajudou muitos políticos a continuarem no poder. Como disse em 1992 James Carville, estrategista da campanha do ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, "é a economia, estúpido!".

A frase famosa era uma orientação para Clinton se focar nas necessidades básicas dos eleitores, como dinheiro no bolso. O recado era que a economia podia decidir uma eleição. De 2005 a 2008, o PIB do Brasil cresceu a uma taxa média anual de 4,6% ao ano. No período pós-88, apenas o período 1993-1996 registrou desempenho semelhante, com crescimento médio anual de 4,1%.

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VÍDEO: Análise da eleição de 2008 feita pelo cientista político Emerson Cervi

FOTOS: Veja imagens da campanha de 2008

A bonança ajudava os candidatos que tentavam a reeleição após o primeiro mandato de 2005 a 2008, entre eles Richa. Dos 20 que tentavam mais um mandato nas prefeituras de capitais, 13 liquidaram a disputa no primeiro turno. Outros seis levaram no segundo turno. Apenas Serafim Corrêa (PSB), em Manaus, perdeu o pleito.

Em 2008, Richa obteve 77,27% dos votos válidos (778.514), um recorde para a história de Curitiba. O índice não chegou a ser o maior nacional, pois Cícero Almeida (PP) fez 81% em Maceió (Alagoas). Mas o desempenho do tucano estava de bom tamanho para Curitiba.

A única concorrente de peso era Gleisi Hoffmann (PT), que dois anos antes surpreendera ao quase ser eleita para a vaga de Alvaro Dias (PSDB) no Senado. Na disputa de 2008, entretanto, a petista não foi páreo ao prefeito bem avaliado, e fez 18,17% dos votos válidos. Os outros concorrentes ficaram bem abaixo: Carlos Moreira Jr. (PMDB) foi a indicação de 1,9% do eleitorado; Maurício Furtado (PV), teve 0,8%; Ricardo Gomy­de (PCdoB), 0,71%; Fábio Ca­margo (PTB), 0,53%; e Bru­no Meirinho (PSol), 0,44%.

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O último colocado, contrariando a sina dos candidatos "nanicos", conquistou um espaço na calçada da fama eleitoral. Lauro Rodrigues (PTdoB) sofreu um "branco" no debate da TV Bandeirantes e ficou sem resposta. O curioso foi o comentário dele: "Ih, corta!", no programa transmitido ao vivo. No fim, fez apenas 0,09% dos votos válidos (888).

Crise

Com uma disputa morna e poucos candidatos pitorescos, o que dominou o noticiário na época foi mesmo a crise econômica. Em 16 de setembro, a Gazeta do Povo noticiava: "Bolsas desabam no mundo. É o novo 11 de Setembro." A reação era pela quebra de dois dos quatro maiores bancos norte-americanos, o Lehmann Brothers e o Merril Lynch. Em março, a instituição Bear Stearns já havia sucumbido à crise das hipotecas de segunda linha (subprime).

No Brasil, o governo federal agiu rápido para incentivar o consumo e com isso minimizar os efeitos do tsunami econômico – o qual foi chamado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de forma despropositada, de "marolinha". O fato é que Richa não teve dificuldades para seguir uma trilha sem obstáculos, que o levaria à disputa pelo governo do Paraná em 2010.

A única turbulência que poderia ter um efeito maior sobre seus planos apareceu dez meses depois, mas logo foi controlada. Nas investigações sobre possíveis irregularidades do Comitê Lealdade do PRTB, que teriam resultado em um suposto caixa 2 na campanha do tucano, Beto Richa foi inocentado pelo Ministério Público.

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DemandasSetembro violento e a campanha por segurança pública

A maior chacina da história do Paraná não teve grande repercussão entre os candidatos a prefeitura de Curitiba em 2008. Em 22 de setembro daquele ano, 15 pessoas foram assassinadas e oito foram feridas em Guaíra, a 479 quilômetros de Curitiba, na divisa com o Paraguai. A matança teria sido motivada por desavenças no contrabando de maconha na região. Entre as vítimas, havia quatro adolescentes. Reportagem da Gazeta do Povo feita dias depois mostrava que 40 quadrilhas atuavam nos cerca de 200 quilômetros do Lago de Itaipu, na fronteira do Brasil com o Paraguai, entre Guaíra e Foz do Iguaçu.

Poucos dias antes, quatro jovens haviam sido mortos em São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba. Chacina igual ocorreu às vésperas da eleição: mais quatro mortos, na mesma cidade.

Apesar de ser tema estadual, a segurança pública apareceu em primeiro lugar entre os problemas que mais preocupavam os curitibanos na época (66%, segundo o Ibope). Os principais candidatos responderam a essa demanda. Segundo levantamento das pesquisadoras Luciana Panke, Antonella Iacovone e Thaise Mendonça, da UFPR, Beto Richa fez menções à segurança pública em 68,42% dos programas; e Gleisi Hoffmann, em 63,18%.

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Memória das Eleições - 2008

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Memória das eleições curitibanas | 4:28

Quais foram os fatores que levaram Beto Richa a conquistar 77% dos votos válidos em sua reeleição para prefeito de Curitiba.

Edições: 29 julho 2008 - Esta reportagem encerra a série sobre as eleições para prefeito em Curitiba ocorridas a partir de 1985. No site do jornal há o conteúdo completo da série.