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Dilma e o empresário Jorge Gerdau: ele dá dicas de administração para a presidente e recomendações para os ministros. Objetivo é melhorar a gestão federal | Antônio Cruz/ABr
Dilma e o empresário Jorge Gerdau: ele dá dicas de administração para a presidente e recomendações para os ministros. Objetivo é melhorar a gestão federal| Foto: Antônio Cruz/ABr

3 passos, 6 desafios

O Planalto iniciou ações inspiradas no modelo da iniciativa privada para melhorar a gestão do governo. Confira o que está sendo feito e quais são os desafios do governo federal daqui para frente:

Medidas tomadas

- Contratação de consultoria privada para fazer avaliação do governo.

- Definição de metas e prazos a serem cumpridos pelos ministérios.

- Monitoramento das despesas e do andamento dos projetos do governo, em tempo real.

Desafios

- Fazer a coordenação harmoniosa de um ministério grande, com 38 pastas.

- Agilizar a liberação de licenças ambientais e processos de desapropriação de imóveis.

- Dar mais rapidez aos processos de licitação de projetos e de execução de obras.

- Conter a voracidade dos partidos aliados e conseguir manter pessoas com perfil técnico em cargos chave.

- Ampliar os meios de controle do dinheiro público e dificultar os casos de irregularidades.

- Reduzir o tamanho da máquina pública e os gastos com outras despesas correntes para que sobre mais recursos para aplicar em investimentos.

Mobilidade urbana

32 das 50 obras de mobilidade urbana previstas para a Copa do Mundo de 2014 não saíram do papel em 2011, de acordo com a ONG Contas Abertas. Ainda segundo a entidade, 191 obras e programas federais ficaram parados no ano passado.

Interatividade

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A presidente Dilma Rousseff assumiu a Presidência sob a imagem de grande gestora. Agora chegou a hora de mostrar se isso condiz com a realidade ou não. Após um ano de arrumação da casa – que envolveu ajuste fiscal e prioridade no pagamento de compromissos assumidos anteriormente –, Dilma terá como desafio a partir deste ano acelerar o ritmo de obras e melhorar os serviços públicos. Para isso, o Palácio do Planalto vem adotando uma série de medidas que lembram o modelo de gestão da iniciativa privada – muito usado pelas administrações tucanas.

Entre as ações que serão adotadas a partir deste ano, estão a definição de metas e prazos a serem cumpridos pelos ministros e o monitoramento on-line das despesas e do andamento dos projetos do governo. Também foi contratada uma empresa privada para fazer uma avaliação do funcionamento dos ministérios e recomendações a cada um deles.

Nessa empreitada gerencial, a presidente ainda conta com o auxílio do empresário Jorge Gerdau, que preside a Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade, órgão vinculado ao Conselho de Governo da Presidência da República. Gerdau, inclusive, estaria levando a cada um dos ministros conselhos para aprimorar a gestão em suas pastas.

Avaliação

"Agora em 2012 nós vamos assistir ao comportamento da presidente na execução do primeiro orçamento feito e sancionado em seu governo, do andamento do seu PPA [Plano Plurianual].O ano passado foi pouco para que a gente possa fazer um julgamento da Dilma como gerente", diz o diretor da ONG Contas Aber­­­tas, Gil Castelo Branco.

O cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consulto­­­ria, tem percepção semelhante. Para ele, só a partir de agora será possível avaliar se os problemas na execução de obras detectados no ano passado foram devido ao ajuste fiscal feito em 2011 ou por dificuldades em resolver questões que inibem os investimentos. No ano passado, 191 obras e programas federais ficaram parados – não tiveram nenhum contrato assinado com prestadores de serviço –, segundo levantamento da ONG Contas Abertas.

Ainda de acordo com dados da ONG, o programa Minha Casa, Minha Vida, um dos carros chefe da gestão Dilma, também teve sua execução reduzida. Até novembro de 2011, foram apenas R$ 5,6 bilhões desembolsados, dos R$ 12,7 bilhões previstos inicialmente. A situação das obras de mobilidade urbana para a Copa de 2014 também não é nada boa. Segundo Castelo Branco, das 50 obras previstas, 32 ficaram com execução zerada em 2011.

Em relação ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o "filho" de Dilma, a presidente deu preferência por pagar contas de obras de anos anteriores. Até novembro de 2011, foram R$ 16,1 bilhões desembolsados para o pagamento de restos a pagar relacionados a obras de antes de 2011.

Para iniciativas exclusivas de 2011, primeiro dos quatro anos do chamado PAC 2, foram desembolsados apenas R$ 6,6 bilhões. De acordo com o último balanço dessa segunda etapa do programa, até setembro do ano passado haviam sido concluídas apenas 11,3% das ações previstas para serem finalizadas até 2014. Em setembro de 2011, já haviam transcorridos 18,7% do período do PAC 2.

Bronca

"Isso quer dizer que ela [Dilma] é uma gerente ruim? Não se pode concluir isso apenas com esses dados porque os problemas no Brasil são muito complexos", afirma Castelo Branco, que destaca a fama de exigente da presidente. "Uma coisa é certa: ela é muito boa na questão de exigir, de cobrar providências. Mas nem tudo se resolve com uma bronca", completa.

O economista Roberto Piscitelli, da Universidade de Brasília (UnB), observa que ser exigente não é característica de um bom gestor. "A capacidade de tocar obras, de imprimir um ritmo mais forte, de negociar tem mais a ver com um perfil gerencial", afirma Piscitelli.

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