No vocabulário dos analistas políticos, denomina-se “pequena política” aquela parte da política que, ao invés de priorizar o debate dos grandes temas nacionais, foca-se na nomeação de cargos para apadrinhados, na manipulação de denúncias contra os adversários políticos, fabricação de dossiês contra inimigos, loteamento da máquina governamental etc.
A julgar pela movimentação política observada neste início de ano, 2016 promete ser a repetição desse império da pequena política. Do lado da oposição, a estratégia é cozinhar a fogo brando a Operação Lava Jato, com o objetivo de desgastar o governo até as próximas eleições ou produzir evidências para o impedimento da presidente, entre outros objetivos partidários. Do lado do governo, a luta parece ser pela sobrevivência política a qualquer custo, sabe-se lá até quando.
Assim, ao invés de focar-se em grandes questões de políticas públicas, propondo uma negociação programática com os líderes partidários, uma racionalização da máquina pública e um pacto pela retomada do desenvolvimento com distribuição de renda, a prioridade parece ser a manipulação dos recursos que o presidencialismo fisiológico brasileiro (dito de “coalizão”) coloca nas mãos da chefia do Executivo para atrair a conta-gotas aliados para a base de governo.
O novo capítulo dessa monótona série é a manipulação do enorme exército de comissionados com que conta o Executivo para atrair políticos para o campo governista na esperança de que a proximidade das eleições municipais atraia os parlamentares mais vacilantes do governo. Não é surpresa, portanto, que o eleitor mediano se mostre cada vez mais enfadado com tudo isso que está aí e se apegue ao primeiro mercador de ilusões que apareça à sua frente, seja no mundo real ou nas mídias sociais.
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