A força-tarefa da Lava Jato deflagrou na manhã desta quinta-feira (10) a 36.ª fase da investigação. Batizada de Operação Dragão, a ação mira dois importantes operadores financeiros do esquema de movimentação ilegal de recursos: o empresário Adir Assad e o advogado Rodrigo Tacla Duran, que são suspeitos de terem movimentado de forma ilegal R$ 50 milhões do esquema de corrupção. De acordo com a Polícia Federal (PF), as equipes policiais cumpriram 16 mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão preventiva em cidades do Ceará, São Paulo e Paraná – aqui, as ações são em Curitiba e Londrina.
No Paraná, foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas sedes da Construtora Triunfo (Curitiba) e da concessionária de rodovias Econorte (Londrina), que opera pedágio praças de pedágio no Paraná. Em entrevista coletiva à imprensa, a força-tarefa da Lava Jato informou que ainda não é possível “formar um juízo de valor” sobre a participação das empresas no esquema e que isso ainda será alvo da apuração.
O que chamou a atenção da força-tarefa, porém, é que elas repassaram, entre 2011 e 2013, valores expressivos a empresas de Rodrigo Tacla Duran que são suspeitas de lavagem de dinheiro. Segundo as investigações, a Construtora Triunfo transferiu ao advogado R$ 2,1 milhões; a Econorte, R$ 1,5 milhão; e a Triunfo Participações, R$ 1,5 milhão.
A Gazeta do Povo entrou em contato com a Construtora Triunfo para que a empresa se pronunciasse sobre a ação da PF. A empresa informou que não pode repassar informações. A Econorte, que opera estradas no Norte do Paraná, pertence à Triunfo Participações – que, segundo a empresa, não tem relação alguma com a Construtora Triunfo de Curitiba. A Triunfo participações informou apenas que está colaborando com as investigações.
Os operadores
Um dos alvos dos mandados de prisão é o empresário Adir Assad, que já está preso pela Lava Jato e que também já havia sido condenado por participar do esquema de corrupção na Petrobras. Assad tinha sido preso na 10.ª fase da Lava Jato, em março de 2015. O outro operador com mandado de prisão nesta fase da Lava Jato é o advogado Rodrigo Tacla Duran. Ele está em viagem ao exterior. Anteriormente, Duran havia sido apontado como um dos responsáveis por offhores criadas pelo departamento de propina da empreiteira Odebrecht, além de ter recebido pagamentos suspeitos de outras empreiteiras envolvidas na investigação.
Segundo a PF, esta nova fase investiga dois operadores financeiros, que seriam responsáveis pela movimentação de recursos de origem ilegal, obtidos por meio de relações criminosas entre empreiteiras e empresas sediadas no Brasil com executivos e funcionários da Petrobras. São apuradas as práticas de corrupção, manutenção não declarada de valores no exterior e lavagem de dinheiro, além de outros crimes.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a partir das investigações foram encontradas diversas evidências de que os operadores utilizaram-se de mecanismos sofisticados de lavagem de dinheiro, entre os quais o uso de contas bancárias em nome de offshores no exterior, a interposição de empresas de fachada e a celebração de contratos falsos.
Os investigadores acusam Duran de ter lavado dezenas de milhões de reais por intermédio de empresas que ele controlava. Segundo o MPF, diversos envolvidos na Lava Jato usaram essas empresas de Duran para pagar propina. Dentre os usuários dessas empresas estão, segundo a acusação, a UTC Engenharia e a Mendes Júnior Trading Engenharia – ambas já investigadas. As duas teriam repassado, respectivamente, R$ 9,1 milhões e R$ 25,5 milhões ao operador financeiro entre 2011 e 2013. No mesmo período, outras empresas contratadas pela administração pública também realizaram depósitos de mais de R$ 18 milhões com o mesmo destino.
O MPF informou ainda que as investigações comprovaram que Assad repassou R$ 24,3 milhões para Duran. Além disso, empresas ligadas a outro operador, Ivan Orefice Carratu, ligado a Duran, receberam de Adir Assad a quantia de R$ 2,9 milhões.
No material divulgado à imprensa pelo MPF não está claro se todos esses recursos foram usados para pagamento de propina nem quem seriam os beneficiários.
Dragão
A operação foi batizada de “dragão” em referência aos registros na contabilidade de um dos investigados, que chamava de “operação dragão” os negócios fechados com parte do grupo para disponibilizar recursos ilegais no Brasil a partir de pagamentos realizados no exterior.
No Paraná, são cumpridos dois mandados de busca e apreensão: um em Curitiba e outro em Londrina. No Ceará, a operação está concentrada em Jaguarauana, com o cumprimento de um mandado de busca e apreensão. Em São Paulo, são cumpridos 13 mandados do mesmo tipo: em São Paulo (7), Barueri (5) e Santana de Parnaíba (1).
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