No Paraná
Em Curitiba, concentração será na Praça Santos Andrade
Jessé Henrique, especial para a Gazeta do Povo
Curitiba também tem protesto anticorrupção marcado para hoje. Já é a terceira manifestação política desse tipo na capital. Os organizadores aguardam aproximadamente 600 pessoas no evento, que está previsto para as 13 horas, na Praça Santos Andrade.
O administrador Alceu Almeida, 57 anos, já participou das duas últimas marchas e confirmou presença hoje nas escadarias da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o ponto de partida da marcha. "Levarei junto cerca de 20 amigos para a passeata. Já fizemos os cartazes e está tudo certo". Num dos cartazes, Almeida pede o fim do voto secreto; em outro quer que corrupção seja considerado crime hediondo.
"Nosso povo foi enganado por mais de 500 anos!", é o que diz o texto da página inicial do site do grupo Anonymous (www.anoncuritiba.org), que até o momento teve 654 pessoas confirmadas na passeata.
Exigir direitos
Para W., um dos membros da chamada "ideia Anonymous" que preferiu não se identificar, a Terceira Marcha Contra Corrupção é uma chance de a sociedade civil exigir o cumprimento dos direitos políticos do cidadão, como, por exemplo, supervisionar os gastos públicos.
Para os detratores, eles são ingênuos, desorganizados e sem ideologia. Os entusiastas veem neles ativistas virtuais, com potencial para mudar o cenário político nacional. A fim de evitar as críticas, dez grupos responsáveis pelas marchas anticorrupção que foram às ruas nos feriados de 7 de setembro e 12 de outubro decidiram unir forças. A primeira ação conjunta foi agendar um novo protesto para hoje. Desta vez, o movimento planeja ações em pelo menos 37 cidades. Além disso, os organizadores preparam, via redes sociais, um "Manifesto Nacional" para ser levado ao Congresso.
A criação do manifesto é uma tentativa de encontrar propostas para acabar com uma das principais críticas ao movimento: a falta de demandas políticas claras. Uma página foi aberta no Facebook para que as pessoas decidam quais reivindicações devem constar no documento. Qualquer um pode opinar. Até ontem, havia mais de 100 sugestões na lista de propostas. As favoritas são a aprovação da lei que transforma corrupção em crime hediondo, a destinação de 10% do PIB para educação e o fim do foro privilegiado para políticos.
"Esse manifesto vai reunir várias proposições. A ideia é conseguir 1 milhão de assinaturas", conta Daniella Kalil, que organiza os protestos em Brasília. "Todas as reivindicações são pertinentes, mas nós vamos ter de privilegiar as mais votadas", arremata Chester Martins, do movimento carioca Todos Juntos Contra a Corrupção. Apesar da tentativa de unificação, a forma como as marchas são organizadas por redes sociais e sem líderes claros ainda gera ceticismo em alguns analistas. "Nunca na história ouviu-se falar em uma revolução sem líderes", critica o cientista político do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) Carlos Mello.
Mas para Gil Castello Branco, fundador da ONG Contas Abertas, é precisamente a falta de liderança institucionalizada que fortalece o movimento: "Temos uma manifestação genuinamente da sociedade, independente, apartidária, que não pode ser comprada pelo governo nem com cargos nem com recursos públicos".
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