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No site de Guarapuava tabelas aparecem com números zerados |
No site de Guarapuava tabelas aparecem com números zerados| Foto:

A prestação de contas das câmaras municipais do Paraná é uma verdadeira incógnita. Das 399, só 22 delas usam a internet para divulgar os gastos mensais. Via de regra, apenas nas maiores cidades a cultura da transparência digital chegou ao Legislativo. Atualmente, os contribuintes que querem fiscalizar o uso do dinheiro público têm dificuldades para saber onde estão sendo aplicados R$ 285 milhões dos R$ 450 milhões administrados por vereadores do Paraná. Apenas em 5,5% das cidades paranaenses a população têm a possibilidade de monitorar as despesas das câmaras.

Levantamento feito pela Gazeta do Povo entre os dias 25 e 27 de fevereiro indica que apenas 99 das 399 câmaras aderiram ao mundo digital. Ou seja, de quatro, apenas uma possui site. E só em 24 endereços virtuais é possível saber o que será votado na próxima sessão. Se houver descontentamento com o trabalho dos vereadores, só os moradores de 28 cidades vão encontrar nos sites o contato para reclamar por e-mail e telefone.

Se algumas câmaras investiram para chegar à era da transparência digital, outras estão desperdiçando dinheiro público em sites que não são atualizados há anos. Além do gasto para elaborar a página, muitas pagam por domínios do tipo "ponto com", destinado a empresas. Por meio da Companhia de Informática do Paraná (Celepar) é possível registrar gratuitamente o domínio com a extensão "pr.gov.br". Mas só a metade das Câmaras que entraram no mundo cibernético optou pelo endereço grátis.

Fabiano Mormul é um dos coordenadores da Celepar e conta que a procura dos legislativos municipais é muito menor do que a capacidade de atendimento da autarquia. "Nós recomendamos a construção de sites porque é uma mídia barata", diz. Ele afirma que há uma tendência irreversível de digitalizar as informações públicas. "É uma prova de boa-fé", complementa. Como mais de 20% das residências da região Sul têm acesso a internet – segundo dados de entidade ligada ao Comitê Gestor da Internet no Brasil –, as ferramentas digitais se transformam em um dos meios mais fáceis para coletar informações sem sair da casa.

Já que não são obrigadas a prestar contas na internet, muitas casas legislativas simplesmente não priorizam essa ação. O professor de Ciências Contábeis da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) Irineu Czepula lembra que sempre que as informações estão disponíveis – mesmo que não sejam acessadas a todo momento – a probabilidade de fraudes e desvios é drasticamente reduzida. Quem está disposto a fazer algo errado, destaca o professor, não gosta de se expor ao risco de deixar rastros e ser apanhado.

O presidente da União dos Vereadores do Paraná (Uvepar), Bento Batista da Silva, reconhece que a quantidade de câmaras que aderiram à transparência digital é muito pequena. "É absurdo saber que tão poucas divulgam seus gastos", diz. Mas ele defende os associados, reforçando que 70% das casas legislativas municipais não dispõem de recursos e que, em função do custo, várias decidem não destinar dinheiro para a construção e manutenção de sites. Além disso, o presidente da Uvepar alega que as páginas recebem poucas visitas e que os jornais locais ainda são as melhores formas de divulgação. Silva afirma também que para um porcentual considerável dos 3,6 mil vereadores paranaenses a internet não faz parte do cotidiano. A transparência digital será um dos assuntos de um congresso estadual de vereadores que será realizado em Curitiba de 4 a 6 de março.

Colaborou Kátia Chagas

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As câmaras municipais deveriam priorizar a divulgação de despesas pela internet? Você já tentou obter informações da Câmara Municipal da sua cidade?

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