O delegado da Polícia Federal (PF) Matheus Mela Rodrigues citou quatro paranaenses na lista de 81 nomes que foram mencionados em interceptações de conversas de pessoas ligadas ao grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira durante as investigações da operação Monte Carlo. São eles: o governador Beto Richa (PSDB), o secretário estadual de Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César Sobrinho, o deputado federal Fernando Francischini (PSDB) e o prefeito de Cornélio Procópio, Amin Hanouche (PP). As menções não significam o envolvimento deles em irregularidades.
"O delegado afirmou que não houve em nenhum momento indícios contra o governador", disse Francischini, que é membro da comissão.
A reportagem tentou entrevistar Richa, mas ele não foi localizado. "Da parte do governador, essa lista não merece qualquer crédito. Ele já deu declarações anteriores de que não conhece nem jamais teve contato com essas pessoas que apenas usaram seu nome", disse o chefe de gabinete de Richa, Deonilson Roldo.
Conforme revelado pela Gazeta do Povo em 20 de abril, foram interceptados e-mails de dois parceiros de Cachoeira, que planejavam o restabelecimento de uma loteria estadual no Paraná. Um deles era Roberto Coppola, sócio da empresa Larami, que controlou o serviço de loterias on-line do Paraná entre 2002 e 2004. Em 5 de outubro de 2010, Coppola escreveu ao ex-cunhado Adriano Aprigio de Souza sobre um suposto encontro para tratar do assunto com Richa.
Naquela ocasião, Richa negou conhecer qualquer um dos dois e também a realização do encontro. O nome do governador também é citado em conversa de Lenine Araújo de Souza e Miguel Elias Hanna, em 23 de agosto de 2011. Hanna fala sobre levar Cachoeira para conhecer Richa. Não há prova de encontro entre os dois. Hanna menciona um primo que tem no Paraná interessado em participar do esquema. Amin Hanouche confirmou que é primo de Hanna, mas que não tem ligações com Cachoeira.
As menções ao secretário de segurança foram feitas de forma indireta nas conversas de Hanna e Souza, como "o secretário de segurança do estado lá". "Não tenho a mínima ideia do que seja. Nunca estive, nunca conversei e nunca fui apresentado a ninguém dos que são investigados. Não há qualquer referência a meu nome no relatório da operação Monte Carlo", contrapôs o secretário.
Francischini diz que apareceu nas investigações como "vítima". A lista do delegado Rodrigues não contempla o nome do senador Roberto Requião (PMDB), xingado por Coppola no mesmo e-mail em que há citações a Richa.
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