Milhares de pessoas marcharam por ruas do Centro de Curitiba, nesta sexta-feira (18), para manifestar apoio à presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A gritos de palavras de ordem como “não vai ter golpe”, uma multidão tomou a Boca Maldita, bradando contra o pedido de impeachment. Segundo os organizadores, o ato reuniu 20 mil pessoas. Para a Polícia Militar (PM), foram pouco mais de 5 mil manifestantes.
Convocado por movimentos sociais e sindicais, o “Ato em Defesa da Democracia” se concentrou em frente ao prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), na Praça Santos Andrade às 18h. Entre gritos de apoio a Lula e Dilma, políticos de partidos de esquerda discursaram, criticando a divulgação dos grampos telefônicos do ex-presidente e denunciando o que chamam de “tentativa de golpe”. Na concentração, os manifestantes dividiram coxinhas, em crítica aos opositores do governo do PT.
“Este ato não é só em defesa de Lula e de Dilma, mas sobretudo é em defesa da democracia e do Estado Democrático de Direito”, discursou a senadora Gleisi Hoffmann. “A bandeira [do Brasil] não é um símbolo da direita. É de todo povo brasileiro, que elegeu Dilma presidente”, completou.
A passeata seguiu em direção à Avenida Marechal Deodoro, ao som de músicos do bloco de carnaval Garibaldis e Sacis, que cantaram uma música cujo refrão dizia “da democracia, eu não abro mão”. Outros grupos, como professores, movimento LGBT, os sem-terra e sindicatos também integraram a manifestação.
À frente da manifestação carregando uma faixa que pedia a defesa da democracia estavam a senadora Gleisi Hoffmann, os deputados federais Enio Verri e Zeca Dirceu, o deputado estadual Tadeu Veneri e a vice-prefeita de Curitiba, Mirian Gonçalves.
Ao longo do trajeto, não faltaram palavras de ordem contra o governador Beto Richa (PSDB), contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e contra o juiz federal Sérgio Moro, que julga os processos da Operação Lava Jato em Curitiba.
O grupo se estendeu pela Boca Maldita, onde houve mais uma série de discursos. Num dos mais aclamados, o deputado estadual Tadeu Veneri (PT) destacou que o ato simboliza a resistência da esquerda ao que chamam de “golpe”. “Na década de 1980, aqui [Boca Maldita], começamos a derrubar a ditadura e aqui, hoje, começamos a derrotar o golpe”, bradou.
Outros políticos do PT, como a vice-prefeita Miriam Gonçalves, o deputado estadual Professor Lemos, o deputado federal Zeca Dirceu, o ex-deputado Angelo Vanhoni e a vereadora Professora Josete também participaram do ato. “É Lula ministro hoje e Lula presidente em 2018”, disse Dirceu. Em nome do PSol, Bruno Meirinho, declarou apoio ao ato e disse que seu partido votará contra o pedido de impeachment da presidente.
Ocorrências
O ato transcorreu em clima tranquilo. Ainda na concentração, a polícia identificou um grupo de infiltrados que, segundo o serviço de inteligência, provocaria distúrbios na manifestação. O grupo foi retirado do local por policiais militares.
Na Rua XV, algumas pessoas que estavam em prédios cuspiram nos manifestantes. Na Uninter, alguns alunos que estavam nas janelas das salas de aula atiraram alguns objetos pequenos e também desferiram cusparadas nos participantes do ato. Dois alunos exibiram cartazes apoiando a manifestação. A multidão reagiu às provocações aos gritos de “Prouni”, em referência ao programa de inclusão universitária do governo federal. Moradores de alguns prédios chegaram a bater panelas quando a manifestação passava.
Ao final da manifestação, a Polícia Militar informou que dois jovens foram detidos por soltar rojões e encaminhados ao 1º Distrito Policial.
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