Ricardo Barros com o governador Beto Richa e o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, em solenidade de entrega de ambulâncias.| Foto: Rodrigo Nunes/Ministério da Saúde

Há dez meses no comando do Ministério da Saúde (MS), Ricardo Barros (PP) já viajou 137 vezes para participar de compromissos oficiais. O destino preferencial do ministro é o Paraná, estado onde construiu sua base eleitoral e que o elegeu deputado federal em 2014. Nos 53 deslocamentos que fez pelo estado para compromissos oficiais, visitou 18 municípios.

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O número é superior que o registrado em qualquer outra unidade da federação. Pelos registros que estão na agenda oficial do ministro publicada diariamente no site do Ministério da Saúde, o segundo estado onde Barros mais esteve foi São Paulo, para onde foi 27 vezes. O levantamento leva em conta apenas deslocamentos para o cumprimento da agenda oficial; exclui, portanto, as viagens de Barros ao Paraná para retorno à residência.

Já o segundo estado com maior número de municípios visitados foi Minas Gerais, onde Barros foi a Belo Horizonte, Divinópolis, Governador Valadares e Ibirité. O estado é o principal foco de casos de febre amarela no surto recente da doença pelo Brasil.

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Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que “desde que assumiu o Ministério da Saúde, em maio de 2016, Ricardo Barros cumpriu agenda em 20 estados e 55 cidades brasileiras. A maior parte delas (67%) fora do estado do Paraná”.

Nos cálculos do Ministério da Saúde, portanto, 33% das viagens do ministro tiveram o Paraná como destino. Apesar de divergir dos 39% apurados pela Gazeta do Povo, o número, ainda assim, demonstra clara preferência do estado na agenda de Barros.

Na nota enviada, o MS informou que “nas agendas fora de Brasília nesse período, Ricardo Barros fez reuniões com cerca de 800 prefeitos e gestores estaduais e municipais do SUS para entender as demandas locais e apresentou os resultados da economia de R$ 1,9 bilhão em recursos”.

De olho nas eleições municipais

Reduzindo a análise da agenda do ministro ao período eleitoral de 2016, entre os dias 16 de agosto e 2 de outubro, as viagens ao Paraná correspondem a mais da metade dos deslocamentos oficiais do ministro.

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No período, das 15 viagens oficiais, oito tiveram o Paraná como destino. Além de ter tido a filha como candidata à prefeitura de Curitiba e o irmão disputando o mesmo posto em Maringá, Barros apoiou diversos outros candidatos pelo estado.

Instada por uma reportagem produzida pelo jornal Folha de S. Paulo em setembro de 2016, que mostrava como o Ministro aproveitava-se de sua agenda oficial para participar de compromissos de campanha, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República abriu um processo para averiguar o assunto.

A apuração do caso pela Comissão começou em outubro de 2016 e até agora não há nenhuma conclusão.

Segundo a Assessoria do Ministério da Saúde, em sua defesa na Comissão, Barros alega que o “Código de Conduta da Alta Administração Federal em atividade de natureza político-eleitoral, em momento algum veda a participação de autoridades da Alta Administração Federal em eventos políticos”.

De olho nas eleições estaduais

Ricardo Barros e Cida Borghetti em agenda no interior do PR 
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Passadas as eleições municipais, a se avaliar pelos compromissos na agenda, o ministro parece estar focado no pleito de 2018. O próximo objetivo eleitoral é eleger a vice-governadora do Paraná Cida Borghetti (PP) para o governo do Paraná. Cida já se declarou candidata e Ricardo Barros já referendou o nome da esposa na disputa pelo cargo.

No mês de janeiro deste ano, entre os dias 20 e 24, o casal Barros passou por dez cidades do Paraná, reunindo-se com lideranças locais e inaugurando equipamentos de saúde. Além da agenda oficial, os jornais regionais também registraram conversas sobre a candidatura de Cida ao governo em 2018. Segundo a agenda do Ministério da Saúde, esses deslocamentos foram feitos nas aeronaves do governo estadual.