Em novo depoimento à CPI da Petrobrás, o ex-diretor de Abastecimento da estatal e delator da operação Lava Jato, Paulo Roberto Costa, fez uma crítica a “hipocrisia” dos parlamentares que recebem doações eleitorais de empresas. “Não há almoço de graça”, disse o executivo aos deputados da comissão, em sua maioria com campanhas financiadas por empresas. “Não existe doação de empresas que depois essas empresas não queiram recuperar o que foi doado. Se ele doa R$ 5 milhões, ele vai querer recuperar na frente R$ 20 milhões”, insistiu.

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Além da crítica aos parlamentares, que têm evitado aprofundar as investigações sobre as empresas investigadas pela Lava Jato na comissão, Costa reafirmou o que já disse em seus depoimentos anteriores e em sua delação premiada. O ex-diretor repetiu sua versão sobre os repasses de dinheiro do esquema de propinas da Petrobrás à campanha de Eduardo Campos (PSB) para o governo de Pernambuco, em 2010, e para o então presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, também em 2010, para evitar os trabalhos da comissão que investigava a estatal na época.

Segundo Costa, a empreiteira Queiroz Galvão, de Pernambuco, efetuou o pagamento ao tucano. “Não sei se foi doação oficial ou não”, declarou o ex-diretor, ressaltando que independentemente da forma como foi pago, o dinheiro era fruto de “desvio de recursos” da Petrobras.

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O ex-diretor reiterou sua relação com o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), que o teria apresentado ao senador Sérgio Guerra. Ele também confirmou ligação com o doleiro Alberto Youssef e o ex-deputado José Janene, morto em 2010.

‘Falhas’

O delator admitiu ainda à CPI que houve falhas internas na empresa e que alguns, como ele, erraram no processo. “Houve uma falha? Houve, mas a Petrobras não é empresa de fundo de quintal”, afirmou.

Entre as falhas apontadas estão a autorização, por toda a diretoria executiva da companhia, para obras sem projeto pronto e, por consequência, a necessidade de realização de aditivos contratuais. “Algumas vezes os aditivos tinham de ser refeitos”, disse.

Ele contou que havia urgência na realização dos contratos. “Responsabilizem todos os diretores e seu presidente”, emendou.

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Cartel

Costa também admitiu que houve conivência com o cartel de empreiteiras. “Não tomamos nenhuma ação, foi aí que erramos”, declarou. O ex-diretor sugeriu ainda que as investigações se aprofundem também na área de Exploração e Produção da estatal, setor que tem o maior orçamento da companhia. “Quem fazia as obras era a área de Serviços”, acrescentou o ex-diretor, lembrando que as mesmas empresas que prestavam serviços à área do ex-diretor Renato Duque (Engenharia e Serviços) também fizeram obras para o setor de Exploração e Produção.

O ex-diretor disse que desde o governo de José Sarney comentava-se nos corredores da Petrobras que a indicação para a diretoria da companhia era política. Ele reafirmou que foi indicado pelo PP e que o partido avisou que ele teria de “ajudar” a sigla, mas não especificou qual seria a ajuda. “Entrei sabendo que teria problema”, contou.

Ele confirmou que foi convidado e que participou do casamento de Paula Rousseff, filha da presidente Dilma Rousseff, em 2008. “Fui convidado sim e participei do casamento”.