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O cientista político Ricardo Oliveira analisa que a crise não está apenas nas legendas envolvidas no mensalão. Na sua opinião, o que está sendo questionado é o sistema partidário, o financiamento das campanhas e até a fiscalização da Justiça eleitoral.

Gazeta do Povo – Quem perde com a crise política?Ricardo Oliveira – Com a crise política os partidos da situação perdem: PT, PTB, PL, PP. Mas é importante lembrar que a crise começou nos Correios e o "Valerioduto"com o nome de Eduardo Azeredo ainda governador em Minas Gerais, no PSDB. O que revela a crise em todos os partidos. É também uma crise do Legislativo e dos mecanismos de financiamento eleitoral que revelaram a promiscuidade dos interesses públicos e privados, o caixa 2. Mostra a fragilidade e a deficiência da Justiça Eleitoral, que não consegue punir as várias denúncias apresentadas. Aponta a necessidade de aperfeiçoamento institucional e de melhores leis. Não se tem controle dos gastos dos partidos e a origem dos financiamentos de campanha.

O PT tem chance de Reeleição?O PT tem chance de reeleição. Ele ainda tem uma base social de apoio muito forte. Um exemplo é o índice de popularidade do presidente Lula, maior do que a do governo Fernando Henrique Cardoso no segundo período. Ainda existe espaço para PT e para Lula. Tudo depende dos futuros desdobramentos.

Como o eleitor tende a votar na próxima eleição?O primeiro é o voto de resultado. A população vota no parlamentar que apresenta projetos locais. Ou seja, é focado no que o político fez para a comunidade, dos recursos que trouxe. O segundo tipo é o voto ideológico. O terceiro tipo é o voto de opinião. Muito variável. Depende da conjuntura política e é influenciado pelos apelos do marketing. São os votos que mudam com a crise.

Como a crise se reflete no Paraná?O Paraná é um estado importante no desenrolar dos fatos. Vários políticos daqui estão ligados diretamente às denúncias e na investigação. Tudo isso vai influenciar nos desdobramentos eleitorais em 2006. O esquema do PTB no Paraná teve uma importância no cenário político. Sai com certeza desvalorizado.

O que os partidos podem fazer para melhorar sua imagem?Os partidos precisam ter representatividade mais autêntica e fazer uma reflexão favorável à reforma política. A reforma política por si só não muda sua cultura e nem o comportamento real. Mas é o primeiro passo. Ela deve estar baseada em três eixos. O primeiro fortalecimento dos partidos com a fidelidade partidária. o segundo é reavaliar os mecanismos eleitorais. Ter bases eleitorais mais representativas, como o voto distrital misto da Alemanha. O terceiro é o financiamento público de campanha. Com isso o estado passa a ter um controle maior e melhor dos gastos de campanha, antes durante e depois do processo eleitoral. Isso pode ser disponibilizado via internet. Daria muito mais transparência para a política. Não oferece vínculos com empresários, empreiteiras, até tráfico de drogas e outras coisas. O financiamento público evita que dinheiro seja desviado. O sistema existe em várias democracias.

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