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Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e sua tropa se esforçaram tanto para atrasar o andamento da representação contra ele no Conselho de Ética que a análise do relatório preliminar acabou coincidindo com o dia da devassa em sua residência. O que impressiona é que o peemedebista quase saiu vitorioso mais uma vez: o placar foi de 11 votos a favor da admissibilidade e 9 contra.

Já se espera, entretanto, novas protelações, seja por meio de atos da Mesa Diretora ou via Judiciário. Nesta seara, Cunha está muito bem servido. Atuam para ele profissionais de renome. Segundo reportagem do Valor, são dez advogados tratando dos assuntos do presidente da Câmara e de sua família – uma pessoa a mais do que a força-tarefa da Lava Jato na Procuradoria-Geral da República. Pagar essa retaguarda jurídica deve ser fácil para quem vendeu milhões em carne enlatada no exterior, como o próprio Cunha sustenta.

Sustentado por um batalhão de políticos, por uma banca de notáveis advogados e por milhões de brasileiros que, ingenuamente, acham que uma ação policial contra ele é armação do PT – esquecendo-se da prisão do senador petista Delcídio do Amaral, dentre tantas coisas negativas que respingaram recentemente no governo –, Cunha mostra que tem disposição e força para seguir adiante, sem recuar.

Pela desfaçatez com que continua vindo a público, pode-se esperar um desdém de Cunha com a decisão do Conselho. Afinal, apenas foi aprovada a admissibilidade da representação. Cunha, aliás, pode usar como mote uma frase própria, que consta do despacho em que aceitou o pedido de impeachment de Dilma Rousseff. “Neste juízo prévio de admissibilidade, não se examina a procedência ou não da denúncia, mas sim a existência de requisitos mínimos, formais e materiais e indícios de materialidade e autoria. Não há qualquer condenação prévia.”.

Cunha tem disposição e força para seguir adiante, e o fará, a depender da inépcia do Executivo e do Legislativo e da demora do Judiciário em tomar medidas como a expedição do mandado de busca e apreensão – quatro meses após o MPF denunciá-lo ao STF .

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