"Os que mais governam são os que fazem menos ruído."

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John Selden, jurista inglês.

Ter um cartório é um negócio bom demais. Dá tanto dinheiro quanto política – e muito menos incômodo. Além do mais, serventuários ficam fora da pauta do dia. A imprensa não incomoda, a opinião pública não cobra. Mas bom mesmo não é só ter um cartório: é ter o cartório certo. No interior, o serviço rende milhares de reais por mês. Na capital, muito mais. Há quem fale em R$ 100 mil por mês ou mais.

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Está em curso uma guerra surda pelos novos cartórios criados no Paraná. Quer dizer: seria uma guerra surda se o caso não tivesse chegado à imprensa. O interesse pela batalha se aguçou nos últimos dias, quando a Assembléia começou a votar uma emenda à Constituição do estado. Logo veio a informação de que o deputado Hermas Brandão, presidente da Casa, poderia ser beneficiado com a proposta.

Hermas está inscrito para o concurso de remoção. Quer sair de Andirá, onde segundo ele próprio o serviço rende uns R$ 200 mil por ano. E vir para Curitiba, a melhor fatia do negócio. A emenda constitucional anula a preferência que os titulares dos cartórios de família teriam sobre Hermas e sobre outros 91 concorrentes ao mesmo posto. O deputado jura que não está legislando em causa própria. Para conseguir aprovar a emenda, marcou três sessões por dia, para que os trâmites pudessem ser cumpridos.

Ontem, após ser citado na imprensa por estar supostamente legislando em causa própria, Hermas decidiu dar o troco. Deu uma entrevista dura. Disse que a imprensa está fazendo o jogo de quem quer manter a divisão dos cartórios como está, sem abrir para mais ninguém. Fez o que chamou de "um desabafo". No fundo, seu principal argumento era de que ele aparecia e era criticado por querer o cartório – e que os outros, que estariam desejando as mesmas coisas e usando cada um de seus próprios métodos, ficavam sem ser cobrados.

O caso é complicado. Como consta de um despacho do desembargador Leonardo Lustosa, do ano passado, o processo de escolha não tem regras claras. E dá margem a escolhas políticas. Para quem está de fora, só o que se percebe é que há gigantes de vários lados desejando um mesmo prêmio. Pelo peso dos contendores, há de ser um prêmio muito especial. Ter um cartório em Curitiba deve ser realmente um negócio para lá de bom.

Radar

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Fim de feira – Hoje pode ser a última tarde de sessões dos deputados estaduais que não foram reeleitos. Depois disso, basta passar na tesouraria e pegar o cheque da desconvocação para sessões extraordinárias. Mais um salário, de R$ 9 mil. Só deverá haver mais sessões se os deputados não conseguirem limpar a pauta. Ou seja, se não conseguirem resolver ainda hoje a questão da distribuição dos cartórios.

De visita – Quem esteve em visita à Assembléia ontem foi o ex-prefeito de Toledo Derli Donin. Estava em companhia do deputado federal Dilceu Sperafico. Donin foi um dos alvos da campanha de Roberto Requião no ano passado. Vice na chapa de Osmar Dias, o ex-prefeito foi exposto seguidamente na tevê por causa de processos judiciais movidos contra ele.

Nomeando – André Vargas, deputado federal eleito e futuro secretário do Trabalho, tem certeza de que vai poder nomear todos os cargos a que tem direito em sua pasta. É a tal da porteira fechada. Dizem por aí que o governador Roberto Requião não queria isso: preferia indicar um ou outro nome para cada secretaria. Vargas diz que o secretário é quem põe suas pessoas de confiança. "Pode ser que um ou outro fique, não há porque fazer uma limpa geral", diz. Mas Emerson Nerone, atual secretário, não deve permanecer como diretor-geral, como foi cogitado. Vargas diz que quer um técnico na função, e não um político.

Isto também é política – Quem quiser se divertir um pouco, pode visitar o seguinte endereço da internet: http://desciclo.pedia.ws/wiki/Apartamento_de_Marxistas. Trata-se de um texto mostrando como seria a convivência de três estudantes marxistas. É uma sátira muito bem bolada aos regimes comunistas implantados até hoje. O artigo faz parte da Desciclopédia, uma espécie de enciclopédia ao contrário, em que nenhuma informação deve ser levada muito a sério.