“Com certeza, infelizmente, parece que estamos diante de um modelo de negócio que se repete em muitas estatais. Já sabíamos que os desdobramentos da Lava Jato na Petrobras nos levariam a outros órgãos públicos”, disse, nesta manhã, o delegado da Polícia Federal, Igor Romario de Paula. Ele, o colega de profissão Márcio Adriano Anselmo, delegados da Polícia Federal; e Carlos Fernando dos Santos Lima, procurador da República falaram com a imprensa sobre a 11ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta manhã.
Caixa abrirá investigação interna para apurar denúncia na Lava Jato
Por meio de nota, instituição se colocou à disposição da CGU e demais entidades que investigam o caso
Leia a matéria completaAndré Vargas é preso em nova etapa da Operação Lava Jato
Além de Vargas, outros dois deputados foram presos. Operação envolve outros órgãos além da Petrobras: Caixa Econômica Federal e Ministério da Saúde seriam alvo de esquemas
Leia a matéria completaAs novas investigações revelam indícios de esquemas de corrupção em contratos de publicidade que envolvem a Caixa Econômica Federal e o Ministério da Saúde. Os novos esquemas descobertos têm a ver com contratos de publicidade para o Ministério da Saúde e Caixa Econômica Federal, feitos por agência com sede em São Paulo, que subcontratava empresas de agentes políticos.
PF e procuradores explicam como funcionava esquema, que tinha como um dos principais personagens o ex-deputado André Vargas: o poder público contratava empresa do publicitário Ricardo Hoffmann, que subcontratava duas empresas de fachada do André Vargas e irmão, Leon Vargas. Ambos foram presos nesta manhã.
“Nao dá para afirmar se direção da Caixa e do Ministério da Saúde sabiam”, diz o procurador. Isso está sendo investigado e como a empresa de Hoffman, Borghi/Lowe, ganhava os contratos, ainda não ficou claro.
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Segundo o delegado da Polícia Federal, Igor Romário de Paula, Vargas, por influência desde a época que era vice-presidente da Câmara, conseguiu para a agência comandada por Ricardo Hoffmann contratos da Caixa e do Ministério da Saúde.
“A praxe do mercado é a devolução dos 10% de bônus para a empresa que fez as subcontratações. Neste caso, o pagamento pela influência de Vargas na escolha da Borghi era que os 10% fossem pagos para as empresas de fachada dos irmãos Vargas. O bônus não voltava para Borghi, ia para as empresas do André e Leon”, detalhou o delegado.
Participam também da operação 12 servidores da Receita Federal. De acordo com a Receita, produtoras de filme e uma grande empresa de comunicação, com sede em São Paulo, com filial em Brasília, estão envolvidas. A Receita diz que houve pagamentos por supostas prestações de serviços que na realidade não existiram, beneficiando pelo menos duas empresas de fachada ligadas aos principais investigados, as quais teriam recebido valores – a título de supostas bonificações ou comissões sobre veiculações - de produtoras de filmes publicitários.
Pelo menos cinco conhecidas empresas nacionais produtoras de filmes, embora tenham contabilizado os pagamentos, negaram à fiscalização da Receita Federal a ocorrência de qualquer prestação de serviço por parte das duas empresas de fachada. Tais produtoras foram subcontratadas por uma grande empresa de comunicação, publicidade e propaganda, sediada em São Paulo e com filial no Distrito Federal, a qual mantém vários contratos de valores expressivos com entes públicos federais.
A Polícia Federal apreendeu na agência de publicidade Borghi/Lowe, em Brasília, documentos relacionados às faturas dessa empresa, em contratos com o Ministério da Saúde e a Caixa Econômica Federal. Há faturas também envolvendo a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil). Além dessa busca e apreensão, a PF cumpriu três mandados de condução coercitiva e uma de prisão temporária. Este último será levado para Curitiba (PR). Não houve busca e apreensão no ministério, na Caixa e nem na Apex. As três pessoas levadas à superintendência da PF, e que prestam depoimento neste momento, também não tem relação com esses órgãos públicos.
Além de Vargas, foram presos os ex-deputados Luiz Argôlo (SD-BA) e Pedro Corrêa (PP-PE), a secretária de Argôlo, Elia Santos, Ivan Mernon da Silva Torres, Leon Vargas (irmão de André Vargas) e Ricardo Hoffman, diretor de uma agência de publicidade. Condenado no mensalão, Pedro Corrêa cumpria pena no regime semi-aberto. Argôlo e Corrêa haviam recebido dinheiro de Alberto Youssef.
Além das prisões, também foi decretado o sequestro de um imóvel de alto padrão em Londrina, no Norte do Paraná. A investigação aponta que Vargas haveria adquirido um imóvel, em nome da esposa, sem que houvesse condição financeira para tal compra.
Nesta fase, cerca de 80 Policiais Federais cumprem 32 mandados judiciais. São sete mandados de prisão, sendo três prisões preventivas (Vargas, Argolo e Corrêa) e quatro mandados de prisão temporária. Também aconteceu a execução de nove mandados de condução coercitiva e 16 mandados de busca e apreensão nos estados do Paraná, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.
Nesta etapa, estão sendo investigados os crimes de organização criminosa, formação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva, fraude em licitações, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e tráfico de influência envolvendo três grupos dos ex-deputados.
Os presos serão trazidos para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba/PR onde permanecerão à disposição da Justiça Federal. Como perderam a prerrogativa de foro, o caso dos ex-parlamentares está sendo investigado pelo juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações da Lava Jato.
Esta fase da investigação foi nomeada “A Origem”. A escolha da expressão é porque faz referência às investigações dos ex-parlamentares, cujo envolvimento com o esquema do doleiro Alberto Youssef foi descoberto nas primeiras etapas da operação, no ano passado. O doleiro é o ponto central dos esquemas, “onde tudo começou”.
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