Governador se fortalece como líder do PSDB paranaense
A articulação política da nova equipe de governo deve fortalecer ainda mais o prestígio do governador eleito Beto Richa como o grande líder tucano no estado. Para o sociólogo londrinense Marco Rossi a indicação do deputado Luiz Carlos Hauly como secretário de Fazenda confirma esta tendência. "Além de agradar o eleitor londrinense é uma tentativa de dirimir as rusgas que ficaram da eleição", afirma.
A escolha de Hauly, um político historicamente ligado ao senador Alvaro Dias, é um fato político significativo, segundo o sociólogo. Richa entrou em rota de colisão com Alvaro na campanha, depois que os dois disputaram a candidatura ao Palácio Iguaçu. A briga se agravou quando Beto fez críticas em público ao ex-governador e, como resposta, ouviu Alvaro declarar que não votaria nele.
Segundo Rossi, o deputado Hauly tem se afastado gradativamente da influência de Alvaro desde então e sua indicação para a Secretaria da Fazenda pode ser entendida como uma forma de cooptação de setores tucanos para o projeto político de Richa.
Seis dos nove nomes anunciados por Beto Richa (PSDB) como secretários de sua gestão à frente do governo do estado, a partir de janeiro, já integraram sua equipe durante seus dois mandatos como prefeito de Curitiba. A lista anunciada ontem confirma uma tendência demonstrada ainda durante a campanha eleitoral tucana: reproduzir no primeiro escalão do estado a estrutura técnica e política montada na prefeitura da capital.
"São nomes que preenchem integralmente os critérios de competência técnica, integridade pessoal e capacidade para o diálogo que estabelecemos para formação de nossa equipe de governo", afirmou o governador eleito em nota divulgada à imprensa.
Um dos novos secretários será o irmão de Beto, José Richa Filho, o Pepe, que comandará a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística. A nova pasta a ser criada é resultado da integração de duas outras secretarias, que serão extintas de Transporte e de Obras. A nova "supersecretaria" deve administrar as estradas, portos, ferrovias e demais obras civis no estado.
"A integração das secretarias de Transporte e Obras atende ao objetivo de dar mais eficiência à gestão pública", justificou o governador. Pepe Richa já ocupou o cargo de secretário municipal de Administração de Curitiba.
Para a pasta da Administração, o escolhido foi Luiz Eduardo Sebastiani, que atualmente é secretário municipal de Finanças de Curitiba. Na Secretaria de Saúde, o comando será de Michele Caputo Neto, atual secretário municipal de Curitiba para Assuntos Metropolitanos e que já foi secretário municipal da Saúde por duas vezes. O ex-procurador-geral do município de Curitiba e um dos membros da equipe de transição Ivan Bonilha será o procurador-geral do Estado.
Já Munir Chaowiche, ex-presidente da Companhia de Habitação (Cohab) da capital, vai comandar a Cohapar. A Sanepar será presidida por Fernando Ghignone, que já ocupou o cargo de secretário da Comunicação Social na cidade e de diretor de Transportes da Urbanização de Curitiba S.A (Urbs).
Além desses nomes, ainda durante a campanha o governador eleito já havia anunciado que o senador Flávio Arns eleito vice-governador do Paraná será o secretário de Estado da Educação.
"Forasteiros"
Dos primeiros nomes do novo secretariado apenas três são estranhos à antiga equipe da prefeitura. O engenheiro mecânico e funcionário de carreira da Copel Lindolfo Zimmer foi confirmado como presidente da estatal de energia elétrica. Outros dois aliados políticos de Richa foram convocados: o deputado estadual Durval Amaral (DEM) responderá pela chefia da Casa Civil e o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB) ficou com a Secretaria da Fazenda.
Os dois deputados são caciques da base aliada em Londrina, cidade natal do novo governador e onde Richa teve vitória sólida nas últimas eleições.
Para o cientista político e professor de Sociologia da Universidade do Norte do Paraná (Unopar) Marco Rossi, a estratégia de Beto nestes primeiros movimentos como governador deve priorizar a confiança em assessores próximos e ao mesmo tempo compor uma costura política com a grande base de partidos aliado.
"É justo que o governador escolha entre pessoas de sua confiança, acostumadas ao ritmo de trabalho de sua administração ou que já demonstraram competência e prestigio político, como o senador Flávio Arns e o deputado Hauly", afirma Rossi.
Nepotismo
O anuncio do irmão do governador eleito José "Pepe" Richa na nova secretaria de Infraestrutura e Logistica não configura nepotismo de acordo com o entendimento da atual procuradoria-geral do Estado. Os efeitos da Súmula Vinculante n.° 13 do Supremo Tribunal Federal (STF), que proíbe o nepotismo no poder público, não atingem os cargos políticos, ou seja, os de ministros e secretários estaduais e municipais.
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