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Brasília (Agência Estado) – O ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Jaques Wagner, não cabe em si de contentamento com a vitória do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) para a presidência da Câmara.

Agora, a próxima batalha será apressar o fim das três Comissões Parlamentares de Inquérito que escarafuncham a vida do governo – Correios, Mensalão e Bingos.

O Planalto tem uma convicção: a crise só termina quando os holofotes das CPIs se apagarem. "Entendo que as CPIs deveriam acelerar seu processo de investigação. Isso cansa. Chega uma hora que cansa", afirma Wagner.

Para o ministro, que nega o rolo compressor palaciano para eleger Aldo, a superação da turbulência passa pelo "julgamento e punição" dos culpados, inclusive os do PT. Wagner observa, no entanto, que as CPIs "estão se esticando demais, sem produzir resultados concretos".

Ele faz coro com o novo presidente da Câmara, pois também diz não acreditar na existência do mensalão. Confira a entrevista:

O governo ganhou fôlego com a eleição de Aldo Rebelo para a presidência da Câmara. É o primeiro passo para acabar com a crise política?

Jaques Wagner – A vitória de Aldo Rebelo é conseqüência da reaglutinação da nossa base de sustentação, é a retomada do bom senso. O fato de o partido maior da base aliada, que na época era o PT, abrir mão da candidatura e entregá-la para o menor partido – o PC do B –foi um gesto importante, pois é um partido que não vai agredir os outros nas disputas de 2006, por exemplo, e que não tem tradição de entra-e-sai de parlamentares. Essa vitória representa a retomada da ação política do governo. Já quanto à crise, me parece que a própria sociedade está ficando um pouco esgotada dessas CPIs.

Mas até agora não houve punição....

Pois é. No fundo o que o povo quer é que as coisas se esclareçam e se punam os culpados e que a vida continue. As CPIs estão se esticando demais sem produzir resultados concretos. Então, uma boa parte da sociedade começa a se dar conta de que há muita disputa política-eleitoral por trás delas.

Ao governo interessa mesmo a punição dos petistas envolvidos no escândalo do mensalão?

Sem dúvida nenhuma. O presidente Lula está pagando um preço injusto por tudo isso. Ele sempre diz que só a verdade interessa a nós e a superação dessa turbulência passa por apuração, julgamento e punição dos culpados. O PT também paga um preço extremamente alto pelos erros cometidos e, portanto, qualquer tentativa de não ser conclusivo e decisivo no processo de apuração e punição só nos traria um desgaste muito maior. É claro que todos precisam ter direito à defesa, mas eu não concordo em hipótese nenhuma com qualquer tentativa de abrandamento de punições.

A eleição mostrou que a Câmara está muito dividida. Como o governo vai recompor a base de apoio hoje estraçalhada?

A diferença apertada, de 15 votos, entre os deputados Aldo Rebelo e José Thomaz Nonô, do PFL, manda uma mensagem. Mas seria difícil dizer que todos os votos em Nonô (243 de um total de 507) necessariamente se perfilarão contra matérias de interesse do governo. É claro que, se a oposição cresce, isso vai demandar um esforço maior de negociação, mas não é um impeditivo para o governo caminhar. Agora, se eu pudesse mandar uma mensagem à oposição, eu diria: "A disputa passou, a vida continua". Isso não dá resultado positivo, até porque na Bahia a gente diz que tudo o que é demais é sobra. Então, acho que alguns estão exagerando na dose.

Com relação às denúncias envolvendo o ex-ministro José Dirceu, ele deve ser punido pela Câmara e no PT?

A crítica que eu faço a Dirceu é política. Eu acho que ele tem uma concepção de construção de maioria muito exclusiva, equivocada. Acho que o partido precisa conviver mais com a pluralidade das idéias, que é a sua riqueza, e saber como trabalhar essas diferenças. Zé tem a concepção de controle absoluto da máquina partidária e imprimiu um processo de maioria que passa por aí. Isso é fato. Fico muito mais na crítica política do que na moral.

Mas ele foi o chefe do mensalão?

Não. Primeiro que não tem mensalão. Tem quatro meses de CPI, de bombardeio, por que não provaram? Isso é uma ilação, um delírio. Não vão provar porque não tem. Teve financiamento de campanha. Isso está claro e as pessoas deviam assumir que fizeram besteira, principalmente o Delúbio e aqueles por ele apontados, que se deslumbraram com o poder. Aí saíram prometendo o que não podiam cumprir. O problema desse pessoal e da crise - como bem disse o presidente - é que, em vez de terem botado para fora a verdade sobre o financiamento, apontando para onde a investigação deveria ir, começaram a inventar.

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