A avaliação feita nesta qaurta-feira (12) por parlamentares é de que a abstenção de seis senadores na votação do processo de cassação contra Renan Calheiros (PMDB-AL) determinou o resultado, que permite ao alagoano uma sobrevida até o julgamento das outras três representações que tramitam contra ele no Conselho de Ética.
A avaliação parte tanto de parlamentares que lutavam pela cassação do mandato de Renan como dos próprios aliados do presidente da Casa.
"Abstenção numa votação dessa? Quer dizer, o sujeito não sabe, não tem opinião formada depois de tudo que leu, que ouviu e de tudo que falaram? É lamentável. É um voto duplamente covarde. Escudado no voto secreto e na abstenção. São pessoas que acanalharam seus votos numa covardia dupla.", afirmou o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM).
O senador Tião Viana (PT-AC) também atribui às abstenções a absolvição do presidente do Senado. "Não dá para entender como alguém não consegue formar uma opinião depois de tanta investigação, de tantos dados apurados. É muito ruim a abstenção numa votação dessa", avaliou Viana.
Responsabilidade
A oposição se apressou para colocar na conta do PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as seis abstenções, apesar do voto secreto.
O senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) analisa que as abstenções estiveram diluídas em diversos partidos, mas que a articulação coube ao PT. "Graças ao PT todas essas abstenções foram decisivas para a absolvição do senador Renan Calheiros. Estou indignado com o resultado.", disse Guerra. Mesmo com a articulação petista, Guerra não viu interferência do Palácio do Planalto na decisão desta quarta.
Mas para o senador Tião Viana tais acusações são completamente infundadas. "Não posso concordar. O que se pôde ver na discussão de corredor o tempo todo é que todos os partidos apresentaram manifestações a favor do senador Renan, que foi absolvido com 40 votos e 35 votos contrários apenas. Não é possível transferir para A ou B."
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) evitou condenar o resultado. Disse que vai respeitar a vontade da maioria, mas não deixou de revelar o seu voto. "Eu avaliei que ele quebrou o decoro. Mas eu respeito a opinião dos meus colegas."
Aliado
O aliado Wellington Salgado (PMDB-MG) disse que Renan, apesar de estar enfraquecido com o resultado, tem capacidade de reorganizar sua força política. "Vai depender da capacidade total do presidente Renan de aglutinar a oposição, os líderes e mostrar que ele continua sendo líder e presidente porque ele foi eleito com poder liderança e de aglutinação. Vamos ver se é possível, ele é presidente, mas vamos ver se é do interesse da oposição de fazer isso", disse.
Salgado voltou a afirmar que as acusações não têm fundamento. "O Senado está dividido. Essa foi uma acusação muito séria, sem prova nenhuma", disse o senador mineiro.
Para o aliado, Renan não precisa deixar a presidência, mas caberá ao presidente da Casa fazer essa avaliação. "Ele não poderia jamais largar e sair como culpado, ele foi inocentado. Agora, se ele vai sentir que não há clima político para continuar, ele é um político carimbado e ele quem vai decidir isso", disse.
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