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Eduardo Campos estava em terceiro lugar na corrida presidencial | PSB/Divulgação
Eduardo Campos estava em terceiro lugar na corrida presidencial| Foto: PSB/Divulgação

Família não comenta o assunto; líderes do PSB reagem com surpresa

Familiares do ex-governador Eduardo Campos, entre eles a viúva Renata Campos, não se pronunciaram publicamente sobre a informação de que o acidente que matou o presidenciável foi causado por falha humana.

Segundo pessoas próximas a familiares do ex-governador, eles preferem aguardar o relatório final das investigações. Apenas o irmão de Campos, o advogado Antonio Campos, afirmou, em nota, julgar "prematuro" apontar causas antes da conclusão dos inquéritos em curso e da divulgação de outras perícias.

As famílias de outras duas vítimas–o assessor Carlos Augusto Leal Filho e o fotógrafo Alexandre Severo – também preferiram não comentar o assunto. A assessoria de comunicação do governador Paulo Câmara (PSB), vice-presidente do partido, informou que vai aguardar a divulgação oficial da investigação.

Já outros líderes do PSB reagiram com surpresa à conclusão das investigações. Os dirigentes questionam a falta de explicação para o desligamento da caixa-preta de voz e a razão pela qual o piloto Marcos Martins sofreu "desorientação espacial" sem que os aparelhos do moderno Cessna Citation ou o copiloto Geraldo Magela Barbosa percebessem que o jatinho estava em movimento de descida e não de subida.

As investigações da Aeronáutica, que começam a ser divulgadas no início de fevereiro, concluíram que o acidente que matou o presidenciável do PSB e ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, no meio da campanha eleitoral de 2014, foi causado por uma sequência de falhas do piloto paranaense Marcos Martins – desde a falta de treinamento para aquela aeronave até o uso de "atalho" para acelerar o procedimento de descida, informou o jornal O Estado de S. Paulo.

INFOGRÁFICO: Veja o trajeto da aeronave que Eduardo Campos estava

Como resultado decisivo, Martins foi obrigado a abortar o pouso e arremeter bruscamente, operando os aparelhos em desacordo com as recomendações do fabricante do avião e acabando por sofrer o que é tecnicamente descrito como "desorientação espacial". É quando o piloto perde a referência do avião em relação ao solo, não sabe se está voando para cima, para baixo, em posição normal, de lado ou de ponta cabeça.

Essa conclusão sobre a "desorientação espacial" baseou-se em informações sobre os últimos segundos do voo, no momento em que o avião embicou num ângulo de 70 graus e em potência máxima, como se o piloto acelerasse pensando que estava em movimento de subida, quando na verdade estava voando para baixo, rumo ao solo.

O acidente ocorreu na manhã de 13 de agosto de 2014, quando o Cessna 560 XL saiu do aeroporto Santos Dumont, no Rio, rumo à Base Aérea de Santos, em São Paulo. Por volta de 10 horas, a aeronave caiu em Santos. Além de Campos, morreram quatro assessores dele, o piloto e o copiloto Geraldo Magela Barbosa.

Treinamento

Nos cinco meses de apuração, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos levantou ainda todo o perfil psicológico, pessoal e profissional dos dois pilotos e listou uma sequência de falhas de Marcos Martins.

Não foi encontrado nenhum indício de falha técnica ou de operação do sistema aeronáutico. As duas turbinas foram detalhadamente analisadas e estavam em perfeita condição de uso, mas a caixa preta de voz não foi útil para as conclusões. Ela simplesmente não estava ligada.

Conforme apurado pelos investigadores, Martins não estava treinado para o Cessna 560 XL. Ele, por exemplo, nunca tinha passado pelo simulador. Está registrado, também, que a relação entre os dois pilotos não era boa.

Chuva e pista

Essas falhas prévias de preparo técnico e psicológico na cabine de comando foram agravadas por duas circunstâncias objetivas. O tempo estava fechado, com muita chuva, e a pista da Base de Santos, curta e entre picos, é considerada difícil mesmo para pilotos experientes e em boas condições de tempo.

Apesar de todos esses agravantes, e talvez por excesso de autoconfiança, Martins cometeu, segundo os investigadores, o erro que deflagrou todo o desfecho trágico: ele desdenhou a rota determinada pelos manuais para o pouso na Base de Santos, não fez a manobra exigida para aquela pista e tentou pousar direto, de primeira.

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