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A Polícia Federal encontrou em computadores apreendidos de Alberto Yousseff uma minuta de "acordo de confidencialidade" que seria assinado entre a Petrobras e a CSA Project Finance, empresa que tinha o doleiro e o deputado Renato Janene (Partido Progressista), morto em 2010, como sócios.

A informação foi publicada pelo "Estado de S.Paulo" na edição desta segunda-feira. A minuta do acordo não traz assinatura. A CSA é dona de duas sócias da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras responsável pela distribuição de combustível.

A ligação da CSA com a Petrobras já havia sido revelada em reportagem da Folha de S.Paulo publicada em agosto, segundo a qual a empresa fora apontada pela Polícia Federal como "mandatária" de duas subsidiárias que se tornaram sócias da Petrobras na construção de uma usina termelétrica em Pernambuco, próximo à refinaria de Abreu e Lima.

Essas duas empresas controladas pela CSA são a Ellobras e da Genpower, que entraram no projeto da termelétrica mesmo sem histórico de atuação no setor de energia.

A atuação de Yousseff foi um dos alvos principais da Operação Lava Jato, que se desdobrou em investigações sobre o desvio de recursos das obras da refinaria Abreu e Lima, construída pela Petrobras em Pernambuco.Janene, segundo depoimento do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, à Justiça, na semana passada, foi responsável por sua nomeação para a diretoria da estatal e era o elo de arrecadação de propinas das obras da Petrobras para o PP.

O acordo de confidencialidade encontrado pela PF, por sua vez, seria mais uma prova de que Yousseff e Janene atuaram no leilão realizado em 2007 para erguer a usina térmica e que o sigilo era indício de uma relação comercial que estava prestes a ser iniciada. A CSA Project Finance é acusada de ter lavado recursos do mensalão para Janene.

A usina térmica tem capacidade de geração de 350 MW (capaz de abastecer uma cidade com 750 mil habitantes). Ficou pronta depois de cinco anos de construção, em 2013, e recebeu investimento de R$ 600 milhões.

Tanto a Ellobras quanto a Genpower deixaram o projeto de Suape 2 pouco mais de um mês depois de terem vencido o leilão.

Procurada, a BR Distribuidora divulgou, nesta segunda-feira, nota em que afirma não ter identificado indícios de que a CSA fosse controladora das empresas Ellobras e Genpower. "Desta forma, a BR nega que houvesse tido qualquer relação comercial e/ou societária com o sr. Alberto Yousseff, por meio da empresa CSA Project Finance, bem como desconhece qualquer relação direta ou indireta do sr. Alberto Yousseff com as empresas que vieram a se tornar sócias no empreendimento Suape 2".

A BR disse, ainda, que, da informação sobre o acordo de confidencialidade, "depreende-se ter como objeto a pretensão de futuro relacionamento comercial, não sendo relacionado ao empreendimento de Suape 2".

A BR afirmou, por fim, não ter encontrado qualquer rastro de tramitação do acordo de confidencialidade em seus arquivos.

A Petrobras detém participação na usina Suape 2, mas, até o momento, não informou quem são os demais sócios.

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